Fortalecimento do open banking e surgimento de novas soluções mudarão relação entre bancos e clientes nos próximos anos
Em julho, o Brasil somava cinco milhões de usuários únicos cadastrados no Open Finance, segundo o Banco Central, e esse número deve dobrar até o final do ano. O motivo para isso é a facilidade proporcionada pelo compartilhamento de dados bancários e financeiros, apontaram especialistas que participaram, nesta quinta-feira (11), do Febraban Tech ao destacar também os desafios envolvidos no gerenciamento dessas informações sensíveis.
“As oportunidades que surgem são muito grandes. Teremos mais inclusão, tornando o ambiente de negócios mais competitivo, principalmente com o cruzamento dos opens”, afirma Márcio Castro, CEO da Lina Infratech, ao se referir às facilidades de cadastro que serão geradas no compartilhamento de dados entre Open Finance, Open Insurance e afins.
Com as informações sendo divididas mais rapidamente, a tendência é a consolidação acelerada de novas soluções que beneficiam negócios e usuários. É o caso dos Iniciadores de Transação de Pagamento (ITP), que recentemente receberam autorização para operar e estão transformando a experiência no comércio eletrônico, pois eliminam etapas para a conclusão da compra ao permitir o pagamento por PIX sem a necessidade de sair da loja virtual e entrar no aplicativo bancário.
“O ITP vem para criar uma usabilidade bem melhor para realizar o pagamento em e-commerces, com mais proteção antifraude e diminuição da fricção que gera o abandono dos carrinhos”, acrescenta Castro.
O desafio de gerenciamento dos dados
“Para quem acha que estamos em voo de cruzeiro, a gente está apenas no começo. Vamos ver uma revolução centrada em dados nos próximos anos”, destaca Marcelo Amaral , CISO do Banco Safra, sobre o Open Finance. A percepção otimista é compartilhada pelo mercado, porém há desafios no gerenciamento dessas informações.
“O grande problema enfrentado desde o início é como orquestrar todos os participantes, pois há grande variedade de origens de base de dados. Então, é preciso criar padrões de segurança que sejam viáveis”, acrescenta Marcelo.
A definição dos dados que podem ser compartilhados no Open Finance é delimitada pelo Banco Central, que também exige que sejam indicados os motivos para a coleta da informação e o uso que será feito dela.
“O proprietário do dado é a pessoa, seja ela física ou jurídica, e é ela que controla como isso será compartilhado com os outros participantes. Esse cliente também tem autonomia para revogar a utilização dessas informações a qualquer momento”, explica Renan Barcelos, gerente de Segurança da Informação da RTM, principal hub integrador do mercado financeiro e responsável pela estrutura de gerenciamento da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN).
Para garantir a segurança das informações compartilhadas, a infraestrutura por trás do Open Finance precisa rodar em ambiente completamente regulado, com autorização, autenticação e confirmação durante todo o processo. Desse modo, é preciso extrapolar as garantias oferecidas pelas APIs (sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicações), com utilização de criptografia e gestão sobre a responsabilidade de cada participante sobre os dados.
“A estratégia precisa ser centrada em dados, com consciência situacional de onde o dado sigiloso está, qual o permissionamento dessa informação, gerenciamento das chaves de criptografia e gestão de usuário eficiente”, defende Roberto Gallo, fundador e diretor executivo da Kryptus.