Volume de investimento anjo em startups cresce 17% em 2021, com expectativa de mais 10% de aumento em 2022

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o volume de investimento anjo aumentou 17% em 2021 em comparação ao ano anterior (2020), voltando aos níveis pré-pandemia de 2019. No ano passado foram aportados mais de R$ 1 bilhão pelos investidores anjos brasileiros. O número de investidores apresentou um aumento menor, de 13%, e hoje são 7.834 investidores anjo no Brasil. Os dados fazem parte da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que fomenta o investimento anjo e apoia o empreendedorismo inovador no país.  

A pesquisa também levantou a perspectiva dos investidores para 2022 que esperam ter um aumento de 10%. Embora positiva, a expectativa é ainda insuficiente para a demanda das startups. Cassio Spina, presidente e fundador da Anjos do Brasil, comenta que apesar da perspectiva de recuperação para 2022, infelizmente, o volume é insuficiente para apoiar o aumento de startups que estão surgindo. “O investimento em startups precisa de estímulo e apoio para crescer e atingir todo seu potencial, que deveria ser R$ 10 bilhões ao ano, proporcionalmente ao efetuado outros países. Como pessoas físicas, o investidor anjo compara esse investimento de maior risco com os demais ativos de seu portfólio, aplicando análises de risco retorno e deixando de investir todo seu potencial. Embora nenhum investidor anjo faça esse tipo de aporte somente por retorno financeiro e tenha sempre um proposito maior ao investir, é certo que o impacto da macroeconomia e volatilidade de ativos tem um impacto no volume aportado nas startups ao longo do ano”, argumenta.

Conforme explica o fundador da Anjos do Brasil, hoje o volume de investimento no Brasil é apenas 0,7% do que é investido em startups nos Estados Unidos, que soma aproximadamente US$ 29 bilhões anualmente. “Apesar da evolução que tivemos na última década no volume de investimento anjo, ainda estamos muito aquém do nosso potencial. Considerando a relação do PIB dos países é de cerca de 7 vezes, o investimento anjo no Brasil deveria ser de pelo menos R$ 10 bilhões. Para que o Brasil atinja todo seu potencial é necessária a criação de políticas públicas de fomento ao investimento em startups conforme recomendação da OCDE, que é aplicada em diversos países, incluindo todos os BRICS, exceto pelo Brasil”, revela Cassio Spina.

Importante destacar que as políticas de equiparação no tratamento tributário foram retiradas do Marco Legal das Startups e especificamente o artigo 7º, que previa a compensação de perdas com ganhos, como é feito em investimentos em ações de empresas listadas na Bolsa, foi vetado pelo governo e confirmado o veto pelo Congresso Nacional em abril último, mantendo-se uma situação de desequiparação no tratamento tributário. Ou seja, o investimento em startups é penalizado enquanto outros investimentos em empresas bem maiores, como as listas em Bolsa e emissoras de debentures incentivadas é isento, o que cria um desestimulo para as startups.

Perfil dos investidores anjo brasileiros – A pesquisa inclui pela segunda vez um levantamento de raça ou cor dos respondentes que aponta que a maioria dos investidores anjo brasileiros são brancos (91%), com 3% se declarando pretos, pardos ou indígenas, e 4% amarelos. Esse dado, associado com a participação de apenas 16% de mulheres no universo de investidores, traz um sinal de evolução lenta no ecossistema brasileiro.

Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, afirma que a diversidade é um requisito para a inovação, é fundamental que todas as pessoas se envolvam em ações para aumentar a participação dos mais diversos perfis no universo de startups e investimento. “A ação individual e coletiva precisa estar no sentido de estímulo a diversidade”, define.