Por Wolmer Godoi
A internet se tornou um enorme campo construído por dados e memórias diversas, complexas e constantemente atualizadas. Muito disso se deve ao fato de que toda ação – online ou offline – que realizamos em nossas vidas deixa uma marca. No ambiente digital, podemos deixar rastros conscientes – como no caso de publicações, entrevistas –, ou registros inconscientemente: páginas acessadas, tempo de navegação, termos de busca, dentre outros. Através de ambos é possível ser rastreado.
“Digital Footprint” é o termo que define a nossa pegada, nosso rastro digital. Ele é composto pelo conteúdo – palavras, fotografias, áudio ou vídeo – que pode ser atribuído a um determinado indivíduo. Partes de uma pegada digital incluem fotografias no Instagram, postagens em blogs, vídeos publicados no YouTube, mensagens no mural do Facebook, reportagens, LinkedIn, etc. Outro conjunto de informações é o que está “on line” mas não está tão facilmente acessível: informações no SPC, Banco Central, Cartórios, Tribunais (Federais, Estaduais, Trabalho etc.) e outras bases de dados privados. Todo esse conglomerado de informações compõem a sua pegada digital, e ela diz muito sobre você.
Talvez você esteja se perguntando agora o porquê de se preocupar com isso, certo? Bom, se você nunca buscou seu nome no Google, sugiro que faça isso agora e veja todas as informações que qualquer pessoa ou empresa de qualquer lugar do mundo pode ter sobre você. Uma pesquisa realizada pela McAfee em 2014, com 1.502 jovens entre 10 e 18 anos dos Estados Unidos, aponta que 49% dos respondentes postaram algo que se arrependeram depois; 50% já compartilharam o endereço de e-mail; 30% compartilharam o número do telefone e 45% mudariam o comportamento em postagens se soubessem que os pais estavam de olho. Os seus dados pessoais não devem ser compartilhados.
Recentemente, palestrei sobre “Rastros Digitais” em um evento de segurança da informação e fiz um exercício muito interessante para saber até que ponto conseguiria informações pessoais de pessoas que estariam no evento. Os resultados chegaram a impressionar a mim e ao público presente. Selecionei 12 pessoas que confirmaram presença ao mesmo evento de segurança pelo Facebook e além das redes sociais, comecei a buscar as informações em sites públicos como Jusbrasil, Escavador, Consulta Sócio, Vebidoo, entre outros. O resultado deste exercício é que foi possível encontrar praticamente todos os dados dessas pessoas, como:
– 100% do número de CPF, data de nascimento, telefone e renda;
– 93,75% do nome da mãe, e-mail e endereço;
– 87,5% do nome da empresa e de parentes, ocupação e escolaridade;
– 81,25% da classe social;
– 68,75% do veículo;
– 31,25% dos títulos de eleitor;
– 12,5% da restrição financeira.
Agora pense e reflita: o que pessoas mal-intencionadas poderiam fazer com todos estes dados? Que tipo de problema ou manchas em sua vida pessoal um elemento mal-intencionado poderia causar?
Para isso, listo algumas dicas que podem ajudar você na forma de se interagir com outras pessoas através de canais digitais:
– Altere as configurações de privacidade em suas redes sociais para que apenas seus amigos possam ver sua informação;
– Tenha sempre em mente que, uma vez que a informação foi postada online, pode ser quase impossível removê-la;
– Não publique nada que possa se tornar embaraçoso mais tarde;
– Cuidado com as fotos postadas em seus perfis públicos. Os outros o julgarão com base no conteúdo;
– Não divulgue seu endereço pessoal, número de telefone, senhas, mesmo em mensagens privadas. Existe sempre a possibilidade de alguém encontrá-los;
– Não publique coisas para intimidar, ferir, chantagear, insultar ou gerar qualquer tipo de dano aos outros.
Na dúvida, não poste para não se arrepender depois!
Wolmer Godoi é Diretor de Cibersegurança da CIPHER