Por Danilo Macedo, líder de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios na IBM Brasil
Estamos na era da Inteligência Artificial (IA). De fato, 84% das pessoas no mundo hoje usam um dispositivo ou serviço habilitado com IA. À medida que mais pessoas compartilham seus dados para serem aproveitados por esses sistemas, a confiança se torna a pedra angular das interações com as organizações. Essa confiança se manifesta quando os dispositivos ou serviços utilizados fazem o que esperamos deles, da mesma forma que aprendemos a confiar que um aplicativo bancário vai realizar transações precisas.
No entanto, pode variar a forma como as empresas utilizam os nossos dados ou IA para nos proporcionar múltiplos benefícios, bem como os riscos associados, porque nem todos os dados são gerenciados da mesma forma e nem todas as tecnologias de IA têm o mesmo processo de criação. Nesse contexto, a regulamentação é essencial.
Regulando o gerenciamento de informações na economia de dados
Se os dados são como o petróleo, poderíamos dizer que, uma vez refinados, se obtém a gasolina da IA. É essa combinação que pode agregar valor a indivíduos e empresas na economia de dados. No entanto, há um elemento chave que ainda precisa ser abordado de maneira significativa nos marcos regulatórios: os diferentes riscos que os modelos comerciais baseados em dados representam para as pessoas.
Na IBM, acreditamos que há duas categorias distintas de modelos comerciais baseados em dados:
Esta distinção vai nos permitir procurar uma regulamentação mais adequada e mais equilibrada. Por exemplo, você pode ajustar a carga regulatória para ser proporcional aos riscos dos modelos comerciais baseados em dados, aumentar a transparência da revenda de dados, exigir que os compradores verifiquem se os dados foram tratados de forma legal e transparente, entre outras obrigações.
Regulando com precisão as tecnologias de Inteligência Artificial
Desde o ponto de vista da IA, na IBM acreditamos que esses sistemas devem priorizar a privacidade das pessoas e os direitos dos titulares dos dados. Por isso, temos pedido uma regulamentação precisa da IA em todo o mundo, a fim de estabelecer controles e políticas mais estritas nos usos finais da tecnologia, onde o risco de dano social é muito maior.
Nessa linha, é fundamental que a regulamentação em torno da IA considere três princípios: primeiro, que a o propósito da IA é potenciar a Inteligência Humana, não substituí-la; segundo, que os dados e os conhecimentos gerados por esses dados pertencem ao seu criador; e terceiro, que novas tecnologias poderosas como a IA devem ser transparentes, explicáveis e mitigar vieses prejudiciais e inapropriados.
Nosso chamado à ação é claro: é essencial fortalecer a confiança sem sufocar a inovação, ao mesmo tempo em que estabelecemos salvaguardas nos casos de uso problemáticos para que haja uma mudança ou correção. Outros aspectos para orientar a regulamentação em torno da IA são:
As formas como as organizações usam os dados das pessoas e a IA estão em constante evolução. Não se trata de implementar prematuramente novas regras de proteção de dados ou proibir a tecnologia porque ambos são eixos transversais de inovação. Trata-se de colaborar para enfrentar os riscos da monetização de dados, promover o avanço responsável da tecnologia e expandir os limites da inovação reunindo nossos recursos coletivos e experiência para melhorar nosso bem-estar coletivo e individual.
Na IBM, somos otimistas. Acreditamos que, aplicando ciência e inovação a problemas do mundo real, podemos criar um amanhã melhor. Mais sustentável, mais equitativo e seguro.