Projeto patrocinado pelo Instituto TIM, a Missão Garatéa ISS – maior consórcio espacial brasileiro da atualidade -, anunciou nesta sexta-feira (14) o vencedor do concurso Garatéa-ISS. Foram mais de quatro mil estudantes de 175 escolas inscritos no Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), programa norte-americano para incentivar jovens a estudar ciências espaciais. O projeto escolhido foi o Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração, feito por alunos do 2º ano do ensino médio do Instituto Federal de Santa Catarina -Campus Xanxerê, SC, e irá voar em um foguete da SpaceX com os astronautas da Agência Espacial Americana (NASA) para a Estação Espacial ISS em 2019.
A proposta vencedora, idealizada pelos estudantes Isabela Dalmolin Battistella, Renata Eliza Valentini Müller, Ricardo Vinícius Brum Cenci e Roberta Debortoli Moreira, consiste em um sistema de filtração cuja inspiração veio do filtro de barro brasileiro, considerado um dos melhores do mundo segundo a revista The Drinking Water Book. Esse filtro tem seu funcionamento baseado na gravidade, que é a responsável por fazer a água passar pela vela, de modo a ser filtrada. O principal componente responsável pela filtração é o carvão ativado.
O objetivo central do experimento é testar um método de filtração independente da gravidade, já que ela não existe no espaço. Para isso, os alunos xanxerenses contam com a capilaridade. A capilaridade é o fenômeno que ocorre em líquidos quando procuram ocupar espaços em um fenômeno diferente da gravidade, como, por exemplo, quando o nível da água de um canudo é maior do que o nível de água do copo em que ele está. Ou quando um guardanapo molhado é colocado em pé e a água segue se infiltrando no tecido do guardanapo para cima. O experimento será feito em um tubo de ensaio. Ele será dividido ao meio por uma camada de carvão ativado, que será o responsável pela filtração. Em um dos extremos ficará uma solução de azul de metileno, que é a substância a ser filtrada, sendo o outro extremo o destino dessa mesma substância já filtrada. Além disso, o experimento terá a presença de um respirador, que passará ao longo de todo o tubo, a fim de regular a pressão interna: o líquido só pode passar para o outro extremo ‘trocando de lugar’ com o ar, ou seja, para o líquido passar, é necessário que passe ar no sentido contrário.
O programa Garatéa-ISS
Resultado de uma parceria da Missão Garatéa com o Centro Nacional para Educação Científica para Terra e Espaço (NCESSE), o programa Garatéa-ISS está em sua segunda edição. A primeira participação brasileira culminou com o envio para o espaço em junho deste ano de um experimento de alunos do Colégio Dante Alighieri, EMEF Perimetral e Projeto Âncora. O estudo do grupo de cinco alunos queria verificar as condições do endurecimento do cimento misturado a plástico verde em ambiente de microgravidade. No dia 29 de junho de 2018, o experimento foi para a Estação Espacial ISS a bordo de um foguete da empresa SpaceX, onde ficou por um mês e retornou no dia 3 de agosto à Terra, para avaliação dos resultados. A ideia do engenheiro espacial Lucas Fonseca, diretor da Missão Garatéa, é a cada ano expandir a participação para que estudantes do Brasil todo possam ter estas experiências.
A Garatéa-ISS é uma iniciativa desenvolvida pela Missão Garatéa em parceria com a Universidade de São Paulo e a Fundação de Apoio à Física e à Química. Em 2018, 4.200 alunos de 175 escolas de todo o Brasil participaram do projeto. Além do Instituto TIM, o projeto também é patrocinado pelas empresas Airvantis e Braskem.