Profissionais do futuro, metaverso, 5G, 6G, Inteligência Artificial e conectividade na logística dão a tônica do segundo dia do Futurecom

Compartilhar

Mesmo com o avanço dos investimentos em tecnologia e o setor privado priorizando ações de conectividade, o Brasil tem um gap histórico de profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação. Segundo um levantamento recente do Google for Startups, o país terá um déficit de 530 mil trabalhadores da área até 2025. Diante desse desafio, representantes de grandes empresas do setor discutiram soluções no painel “Professionals of Future: Como vencer o gap global de profissionais de TIC e os skills mais desejados até 2025”, realizado durante a 23ª edição do Futurecom, feira de conectividade e tecnologia que acontece em São Paulo até 5 de outubro.

O debate foi mediado por Cristiane Tarricone, presidente do Conselho da Associação MCIO, que explicou a diferença entre hard skills, aquelas habilidades técnicas que podem ser aprendidas e quantificadas, e as soft skills, habilidades sociais e comportamentais. “Estamos vivendo economia digital e profissionais do futuro trabalham remotamente, o que exige um local de trabalho adaptável para aumentar a produtividade. As hard skills são importantes, é claro, mas as soft skills fazem parte do perfil ideal do trabalhador que queremos para operar essas tecnologias em níveis cada vez maiores de conectividade”, afirma a especialista.

As universidades têm um papel importante nessa questão, mas as empresas também podem desenvolver seus jovens talentos, conforme o exemplo dado pela diretora de TI da Embratel, Andrea Mannarino. “Nosso desafio é garantir as entregas dos clientes, mas sempre inovando e buscando uma nova expertise. Para isso, fazemos buscas contínuas por jovens talentos em universidades, dando a oportunidade do primeiro emprego, e criamos uma academia interna com trilhas de aprendizado, garantimos assim o comprometimento dos nossos colaboradores atuais com a capacitação dos futuros funcionários. Todo aprendiz ou estagiário que passa por essa academia faz seu primeiro API, e quando chega na área de negócios ele já é um desenvolvedor”, explica a executiva.

O painel sobre profissionais de TIC no Futurecom ainda contou com as participações de Affonso Nina, presidente da Brasscom; Carlos Nazareth Marins, diretor da Inatel; Fabricio Cardoso, diretor geral da SoulCode; Jonatas Soares dos Santos, especialista em Inovação e Novos Negócios da Bosch; Jucelle Biagioli, executiva de Negócios da Amdocs; e Thyago Monteiro, CTO da Connectoway.

Metaverso é a próxima geração de internet, mas em 3D

O Keynote Speaker, Jean-Pierre Bienaimé, Chairman, Ubiquity Consulting, apresentou a palestra “5G to 6G roadmap: smart networks as enablers for AI and metaverse, towards digital infrastructure”. Jean-Pierre trouxe um panorama da implantação do 5G. Segundo o especialista, até 2030, metade das conexões móveis do mundo serão com o 5G. A América do Norte está liderando o caminho, mas a Europa está se aproximando.

Hoje, são 265 redes de 5G globalmente, mas apenas 38 delas são Standalone, modelo essencial para que todos os benefícios do 5G sejam aproveitados. Durante o MWC23 Barcelona, foram levantadas preocupações com a monetização do 5G. Para o palestrante, é essencial que as operadoras façam novas parcerias e invistam na Network APIs antes que as OTTs assumam a monetização, como no 4G.

Para isso, existem dois caminhos segundo o Keynote Speaker, pelo consumidor e pelos negócios. A próxima fase do 5G é muito importante para a monetização, com a possibilidade de jogos em tempo real pelo celular e cases de uso MEC para diferentes verticais. Atualmente, o 5G já está habilitando a teleducação, telemedicina, agricultura digital, sistema de transporte inteligente, indústria 4.0 e novas aplicações da Realidade Aumentada e Realidade Virtual.

A evolução do 5G para o 6G

Segundo o especialista, o 6G terá uma abordagem centrada no ser humano. Ou seja, será mais sustentável – com a operação energeticamente consciente – mais inclusiva, reduzindo o gap digital – e mais confiável – com tecnologia avançada. O 6G será o facilitador de Serviços Inteligentes, como o metaverso, gêmeos digitais e comunicação por hologramas. Jean-Pierre acredita que o metaverso será a próxima geração da internet, mas em 3D. A tecnologia imersiva, como Realidade Virtual e Aumentada, já está mudando a maneira que interagimos com conteúdos, pessoas e espaços. Para chegarmos nesse futuro, as Telcos têm um papel fundamental na distribuição de redes avançadas pelo mundo. Primeiro com o 5G e 5G Advanced, e posteriormente com o 6G.

Um dos principais benefícios do 6G será a IA nativa das redes, com automatização e otimização em tempo real. O palestrante acredita que as Telcos precisam de Self-Organizing Networks (SON), RAN Intelligent Controller (RIC) e Intent-Based Networking (IBN) para alcançarem a próxima fase de transformação.

A futurologia das redes

Pensando no futuro, Jean-Pierre Bienaimé entende que na era dos dados, as redes serão uma peça de um ecossistema, interagindo com sistemas, segurança, inteligência, gestão e controle. As Aplicações de serviços, como a indústria 4.0, iot e redes inteligentes, será simplificada, dando espaço para serviços de Infraestrutura, como controle de segurança, urbanização, alocação de recursos, serviços de gestão.

Os modais, a cadeia de suprimentos e a conectividade em um país de proporções continentais

Em um mundo cada vez mais conectado, um país de dimensões continentais como o Brasil apresenta muitas dificuldades para o setor industrial e a cadeia de suprimentos. Enquanto a comunidade internacional define como padrão o investimento de 5% a 7% do PIB do país em infraestrutura, o Brasil aplica menos de 2% do montante em melhorar sua malha rodoviária, ferroviária e portuária.

O número foi citado pelo diretor de Distribuição e Transporte do Grupo Carrefour, Diclei Remorini, durante o painel “Os modais, a cadeia de suprimentos e a conectividade em um país de proporções continentais”. “O famoso ‘custo Brasil’ inclui o custo logístico que causa perda de produtividade. Aqui, o crescimento do PIB é inversamente proporcional ao investimento em infraestrutura rodoviária, ferroviária, de portos e de cabotagem. Se essa balança fosse equilibrada, o setor privado brasileiro poderia aumentar em 20% o volume de produtos transportados com sua estrutura atual, sem gerar nenhuma emissão de CO2 a mais”, explica o executivo.

Com mediação do presidente da Abralog, Pedro Moreira, especialistas discutiram a rastreabilidade de cargas, a navegação de cabotagem e outros desafios do setor em 2023. Fernanda Levi, gerente executiva da Maersk, destaca a mudança de cultura nas empresas que passou a priorizar a logística inteligente. “O consumidor final não tem mais tolerância para esperar que o produto chegue na prateleira, porque ele terá acesso a um e-commerce cada vez mais ágil. Antes da pandemia, a logística era considerada um custo que as empresas buscavam reduzir. Hoje, o investimento em transporte, frete e frota é visto como uma estratégia fundamental”, disse a gerente.

Já Daniela Martins, diretora de Comunicação da Conexis, falou do papel das telecomunicações na eficiência dos demais setores. “Se o setor de infraestrutura traz produtividade e riqueza ao país, é o setor de telecomunicações que pode potencializar isso, fazer com que o Brasil se torne cada vez mais online. Agora em agosto chegamos a 15 milhões de acessos com 5G no país apenas 14 meses após a chegada da tecnologia, número que o 4G levou mais de dois anos para atingir, por exemplo”, relata a especialista.

Ao todo, são mais de 250 marcas expositoras, mais de 30 mil visitantes e 800 palestrantes levando assuntos relevantes do mundo de inovação e tecnologia em mais de 200 horas de conteúdo. O evento aprofunda temas sobre os impactos da tecnologia, inovação e principais tendências nacionais e internacionais nas relações entre telcos, empresas de tecnologia e as diversas verticais, como: indústria, agro, meios de pagamentos e bancos, saúde, educação, entre outros.