Pagamentos com cartões registram recorde de R$ 1 trilhão

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Balanço da Abecs aponta que, em média, brasileiros realizam 127 milhões de pagamentos por dia

As compras realizadas com cartões de crédito, débito e pré-pagos atingiram a marca de R$ 1 trilhão no terceiro trimestre deste ano, de acordo com dados da Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento. O montante, recorde para o período, é 10,2% superior em relação a igual trimestre do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, o valor transacionado nas compras com cartões chegou a R$ 3 trilhões, crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2023.

Na comparação entre as modalidades, o destaque ficou, por mais um trimestre, com o cartão de crédito: R$ 693,2 bilhões, crescimento de 14%. O segundo maior volume transacionado foi com cartão de débito, que movimentou R$ 248,3 bilhões (-0,4%). Já o cartão pré-pago somou R$ 94,1 bilhões (+14,7%).

Quantidade de transações

No terceiro trimestre, o uso dos cartões como um todo ultrapassou a marca de 11,5 bilhões de transações, alta de 7,1%. Isso significa que os brasileiros fazem, em média, 127 milhões de pagamentos por dia (ou algo em torno de 1.500 por segundo) tanto em estabelecimentos físicos, quanto em ambientes online.

O cartão de crédito foi, também, a modalidade mais usada nas compras e pagamentos, com 5 bilhões de transações. Na sequência vêm o cartão de débito, com 4,2 bilhões, e o pré-pago, com 2,3 bilhões.

Pagamentos recorrentes

Um ponto inédito trazido pela Abecs são as informações do uso dos cartões para pagamentos recorrentes, modalidade de cobrança automática que facilita a rotina do consumidor e gera mais eficiência de recebimento ao estabelecimento comercial.

Os pagamentos recorrentes movimentaram R$ 28 bilhões no terceiro trimestre de 2024. O crescimento é de 41,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em dois anos, o volume movimentado por transações recorrentes cresceu 89,2%.

No recorte por modalidade, o cartão de crédito movimentou R$ 26,6 bilhões (+44%), o cartão pré-pago R$ 685 milhões (+38,9%) e o cartão de débito R$ 673 milhões (+15,8%).

Cartão de débito cresce no ambiente online

No recorte de compras remotas, ou seja, no ambiente online, os cartões movimentaram R$ 246 bilhões no terceiro trimestre de 2024. O uso dos meios eletrônicos de pagamento pela internet e outros canais remotos, como aplicativos e carteiras digitais, cresceu 15,8% no período.

O cartão de débito continua ganhando cada vez mais espaço nessas transações, tendo apresentado crescimento de 6,9% no trimestre. Se avaliado o crescimento em relação ao período antes da pandemia (3º trimestre de 2019 x 3º trimestre de 2024), o uso do débito em compras não-presenciais subiu 427,8%, enquanto o do cartão de crédito cresceu 186,6%.

Pagamento por aproximação

Já os pagamentos por aproximação, que utilizam a tecnologia NFC (Near Field Communication), movimentaram R$ 376 bilhões no terceiro trimestre. O volume transacionado cresceu 46,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A quantidade de compras utilizando esta tecnologia chegou a 66 bilhões por dia. Ou seja, a cada hora, brasileiros realizam, em média, cerca de 2,8 milhões de pagamentos por aproximação. A quantidade total de compras cresceu 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em setembro de 2024, a quantidade de compras com cartões e outros dispositivos por aproximação atingiram 65% dos pagamentos presenciais. Até o primeiro semestre de 2025, espera-se que os pagamentos por aproximação representem 70%.

Pesquisa recente do Instituto Datafolha apontou que, dentre os consumidores que costumam realizar pagamentos por aproximação, a maioria usa a tecnologia de maneira frequente, ou seja, sempre ou quase sempre (61%). Além disso, rapidez e comodidade foram os principais benefícios citados pelos consumidores (89%) ao se utilizar o modelo NFC.

Análise por região

Na análise regional, o Sudeste atingiu a marca de R$ 559,5 bilhões (+10,2%) em valor transacionado. A região Sul teve o segundo maior volume, R$ 147,1 bilhões (+16,5%). O Nordeste aparece em terceiro lugar com R$ 124,4 bilhões (+12,6%), seguido pelo Centro-Oeste, com R$ 80,2 bilhões (+17,3%), e pela região Norte, com R$ 40,5 bilhões (+10,6%).

Uso no exterior

Os gastos de brasileiros com cartões no exterior continuaram a crescer de maneira importante, com avanço de 13,4% (em comparação ao ano anterior) e US$ 4,1 bilhões (R$ 22,9 bilhões) em movimentações financeiras.

Os locais onde os brasileiros mais realizaram pagamentos com cartões foram a Europa, com R$ 11 bilhões (+32%), e Estados Unidos, com R$ 7,5 bilhões (+23,1%). Juntos, os dois destinos somaram R$ 18 bilhões. O valor gasto com cartões nas duas localidades juntas cresceu 28,3% no terceiro trimestre, representando 80,6% do total transacionado no exterior.

Nas demais regiões, é relevante ressaltar o crescimento do uso dos cartões na América sem levar em conta os Estados Unidos, cujo volume atingiu R$ 3,2 bilhões, registrando incremento de 28,7% no trimestre. Em seguida estão a Ásia, com R$ 941,7 milhões (+41,8%), Oceania com R$ 200 milhões (+19,6%) e a África, com R$ 143,7 milhões (+66,1%).

Já o movimento contrário, ou seja, os gastos dos estrangeiros no Brasil somaram US$ 1,2 bilhão (R$ 6,9 bilhões) com cartões, apresentando uma queda de 14,5% em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Petshop e bares e restaurantes lideram

No terceiro trimestre de 2024, o segmento do varejo que registrou maior crescimento em valor transacionado com cartões foi o de petshop (+15%). Em segundo lugar aparece o setor de bares e restaurantes com 6%, seguido por farmácias, com alta de 4,6%. Os setores de roupas e acessórios (3,6%) e autopeças e afins (3,1%) tiveram alta na ordem dos 3%.

No setor de serviços, quem lidera o crescimento de valor transacionado com cartões é a área de telecom, com 13,5%, seguida de perto por serviços médicos e afins com 13,4%. O setor classificado como cultura e esportes aparece em terceiro lugar, com alta de 12,7%. Profissionais liberais tiveram crescimento de 10,3% e o setor de seguros ficou com 3,4%.