Por Luiz Fernando Lopes, Gerente de Plataformas Digitais na TecBan
O ano de 2023 foi significativo para o Drex, anteriormente batizado como Real Digital logo no início do projeto. Contando com a participação e contribuição de 16 consórcios junto ao Banco Central do Brasil, o Piloto DREX tem gerado diversos questionamentos levados à mesa central do mercado financeiro e reverberado nas pautas econômicas do país. As principais dúvidas estão relacionadas à privacidade dos dados.
Considerados desafios primários, o tema privacidade é um dos responsáveis pelo adiamento do projeto, empurrando o fim dos testes de março para maio de 2024. Isto porque, com a tokenização da moeda, todos os dados das transações realizadas na plataforma DREX ficarão expostos para qualquer Instituição que estiver ativa na rede permissionada do DREX. Por exemplo: se um colecionador se interessar pela compra de uma obra de arte tokenizada, exposta em uma galeria ou em posse do artista, ela poderá ser negociada em Drex, no ambiente digital, e os dados desta operação, como a venda e o pagamento desse ativo, estarão visíveis para todas as Instituições ativas na rede permissionada. No entanto, vale destacar que mesmo tendo visibilidade, as demais Instituições que não participaram ativamente da transação não conseguirão interferir na operação, isso pelo fato desta operação ser realizada em uma rede blockchain, que tem como uma de suas principais características ser imutável, ou seja, uma vez que a operação é efetivada é impossível que estes dados sejam alterados.
Uma boa notícia é que, na fase de testes do Drex, a rede escolhida pelo Banco Central para abrigar a moeda digital e ser o ambiente de operações, a Hyperledger Besu em conjunto com outras soluções, vem mostrando eficiência neste tema. Embora muito dos testes feitos até aqui tenham sido feitos sem que uma solução de privacidade estivesse operando, há uma inclinação forte do mercado e do próprio Banco Central do Brasil para garantir a privacidade. Assim, até maio deste ano, o desafio será a adaptação de toda estrutura do Drex à tecnologia da Hyperledger Besu somada a outras soluções de privacidade, que permite operar em ambiente permissionado e com privacidade dos dados, garantindo desta mais segurança e privacidade aos usuários.
Enquanto 2023 foi um ano propulsivo para organização e testes, 2024 será tempo de definição e alinhamento para o Drex. Junto com o desafio de amadurecer os processos de segurança e privacidade, pode-se esperar o início do uso do Drex pela população até o fim do ano. Mas, para que o Drex chegue ao usuário final, os testes ainda precisam ser analisados pelo mercado financeiro em conjunto com o Banco Central. Em caso de todos os requisitos serem atendidos, a plataforma do Drex será incorporada às instituições financeiras para, só então, ser liberada ao público.