Felicidade no trabalho: nas mãos da empresa ou do profissional?

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Estudo da The School of Life, em parceria com a Robert Half, mapeou essa e outras percepções dos colaboradores com relação ao trabalho

O quão responsável as empresas devem ser pela felicidade de seus colaboradores no trabalho? Esse foi um dos questionamentos da 4ª edição do estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizado pela The School of Life, em parceria com a Robert Half. O mapeamento revela que 95% dos 387 liderados entrevistados e 96% dos 387 líderes acreditam nessa responsabilidade, com nível de responsabilização variando entre “total”, “muito” e “moderado”. Menos de 1% dos profissionais ouvidos acreditam que essa responsabilidade não existe. 

O quão responsável as empresas devem ser pela felicidade dos seus colaboradores no trabalho?

“Fiquei surpresa com esse resultado. Entendo que é responsabilidade da organização oferecer um ambiente de trabalho que não seja tóxico, treinar as lideranças para oferecer apoio e acolhimento, disponibilizar recursos para que os colaboradores possam desenvolver bem suas atividades e se desenvolver no trabalho, oferecer um salário compatível às funções executadas e dimensionar bem as demandas para cada profissional. Mas os sentimentos com relação ao trabalho são conquistas individuais”, avalia Diana Gabanyi, CEO da The School of Life Brasil.

“Às empresas cabe se manter atenta aos sentimentos, aos pensamentos, às atitudes e às emoções de cada colaborador. Isso porque, com base nos conteúdos, nas experiências e em conversas com psicólogos e psiquiatras da The School of Life, entendo que uma pessoa que esteja insatisfeita com qualquer esfera da própria vida, vai ter dificuldade para reconhecer qualquer esforço da organização para fazê-la feliz”, destaca Diana Gabanyi. “Lembrando que, como destacam os filósofos estóicos, em vez de felicidade, o mais adequado seria buscarmos realização, que tem muita relação com identificação de propósito e nos inspira a viver bem mesmo em momentos adversos, sem a necessidade de sorrir o tempo todo”.  

Para os entrevistados, ser feliz no trabalho é um sentimento prioritariamente relacionado a equilíbrio entre vida pessoal e profissional (percepção de 38% dos liderados e 37% dos líderes), reconhecimento e valorização (22% dos liderados e 15% dos líderes) e realização profissional e senso de propósito (19% dos liderados e 27% dos líderes). 

No momento, há colaboradores infelizes dentro das organizações – Vale destacar que 28% dos liderados e 22% dos líderes afirmam não estarem felizes no atual trabalho. Essa infelicidade é atribuída prioritariamente a falta de plano de carreira (opinião de 48% dos liderados e 42% dos líderes), falta de propósito (46% dos liderados e 44% dos líderes) e relacionamentos tóxicos (40% dos liderados e 46% dos líderes). Já a permanência dessas pessoas no emprego se deve a três razões principais: falta de alternativas melhores (percepção de 68% dos liderados e 71% dos líderes), estabilidade financeira (61% dos liderados e 54% dos líderes) e esperança de melhora da situação (42% dos liderados e 48% dos líderes).

“O fato de a ausência do plano de carreira estar entre os principais motivos de infelicidade dos entrevistados foi algo que me chamou a atenção. O resultado em si não me surpreende, afinal, sem um planejamento bem definido, crescer e chegar ao destino desejado torna-se ainda mais incerto e angustiante do que poderia. No entanto, reforço que cada profissional deve ser protagonista em sua carreira, ou seja, o principal responsável pelo próprio desenvolvimento e sucesso. É evidente que as empresas têm sua parcela de responsabilidade, mas ela está quase inteiramente nas mãos do profissional”, destaca Maria Sartori, diretora associada da Robert Half. 

“Entendo que existem profissionais que precisam permanecer em determinadas empresas e posições por questões particulares que são totalmente válidas. Mas o estudo mostra que a maioria dos liderados (88%) e dos líderes (86%) acreditam que, caso se conhecessem melhor, tomariam melhores decisões na carreira. Ou seja, um fator a ser analisado quando se fala de infelicidade no trabalho é a falta de autoconhecimento dos colaboradores. Muitas pessoas não se conhecem, não sabem o que querem e o que as motiva”, diz Diana Gabanyi. 

Caminhos para melhorar o ambiente de trabalho – Na opinião dos entrevistados, na busca pela melhora do ambiente de trabalho, as empresas deveriam trilhar três vias prioritárias: reconhecer e valorizar os funcionários (percepção de 36% dos liderados e 33% dos líderes); fomentar o desenvolvimento profissional (20% dos liderados e 16% dos líderes); e melhorar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (18% dos liderados e 23% dos líderes).

O que diz quem está feliz no atual trabalho – A pesquisa indica que 72% dos liderados e 78% dos líderes estão felizes no atual trabalho e a principal razão para essa felicidade é o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, seguido de realização profissional e senso de propósito. 

“Evidentemente, o cultivo de ambientes saudáveis, atentos às demandas do mercado de trabalho contemporâneo e capazes de reconhecer, valorizar e incentivar a equipe é extremamente importante. Não somente por uma questão de incremento de engajamento e produtividade, reflexos diretos de uma força de trabalho que se sente realizada com o que faz, mas também pela perspectiva da atração e retenção de talentos. Assim como a fuga de ambientes tóxicos representa um dos principais motivos para pedidos de demissão, uma cultura organizacional positiva pode ser o fator de desequilíbrio na atração de um talento diferenciado ou na retenção de um profissional-chave”, completa Maria Sartori.         

A 4ª edição do estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho considerou a opinião de 387 líderes e 387 liderados de diferentes regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa. A coleta online das respostas foi realizada entre os dias 15 de janeiro e 16 de fevereiro de 2024.