Uma aptidão do empreendedor brasileiro é a reinvenção. O nosso empresário foi obrigado a desenvolver características como reação rápida diante das situações adversas, flexibilidade e jogo de cintura. Afinal, para fazer negócio no Brasil é preciso se reinventar a cada crise, a fim de minimizar os impactos da instabilidade política e econômica do Brasil. E como então manter um negócio em meio a tudo isso: greves, crises de abastecimento, alta do dólar e dos combustíveis, sem perder a qualidade e é claro, a esperança?
Enquanto grande parte das empresas de refeições empresariais pararam diante dos problemas enfrentados pela última paralisação, o que, por sua vez, provocou a parada de muitas indústrias, a Exal – Excelência em Alimentação, se manteve firme ao longo de toda a crise. Roberto Costa de Oliveira, presidente da empresa responsável por 120 restaurantes de norte a sul do país, o segredo é criatividade e determinação. “Durante os últimos dias, enfrentamos a ausência de entregas dos nossos fornecedores principais – desde hortifrútis e carnes, até estocados secos e gás GLP – e uma logística desafiadora dos restaurantes situados entre o Rio Grande do Sul à Bahia. Muitos pararam, mas nós não, conseguimos manter todos os restaurantes em funcionamento, mesmo com algumas reduções ou alterações de cardápio e uma breve exceção”, avalia.
Prejuízo x reconhecimento
Para Oliveira, a essência de tudo foi contar com uma equipe altamente motivada. A empresa montou um comitê de crise que se reunia duas vezes por dia, para avaliar as múltiplas situações. A velocidade na troca de informações e as ações incisivas foram, para ele, parte importante nesse processo. “Nossos 1.500 colaboradores e a rápida atuação do comitê foram fundamentais para que tudo corresse bem, sem eles nada seria possível. Afinal, liderança ativa nesta situação é essencial para incentivar as equipes, repetindo nosso compromisso com o cliente, e aproveitando a oportunidade para mostrar nossos diferenciais”.
Os reflexos da greve ainda aparecem no abastecimento, por isso é importante saber como se adequar. Segundo o gestor, tanto no período crítico, como agora, a preocupação foi se adaptar sem perder a qualidade. “Na busca frenética por matérias-primas faltantes, não descuidamos da alta qualidade a que nos propomos. Apesar de inesperado, a responsabilidade pela qualidade estava sempre à frente, não usamos nenhuma matéria-prima que representasse risco, apesar de alguns cardápios terem sofrido reduções para conservação de insumos”, complementa.
O esforço da empresa surtiu efeito. “Recebemos diversos e-mails dos clientes elogiando a nossa performance e confirmando a nossa parceria estratégica”, conta. A empresa ainda não calculou os prejuízos derivados da crise, mas Oliveira afirma que nada será repassado aos clientes. “Para nós, o comprometimento com o cliente e a confiança que ele deposita em nossos serviços são sagrados. Por isso, em vez de aumentar preços, a nossa estratégia é fortalecer ainda mais a nossa política de custos. Empreender é justamente reagir positiva, construtiva e tenazmente às constantes ameaças, em especial às totalmente inesperadas”, finaliza o empresário.