Empresas familiares brasileiras estão otimistas com o futuro dos negócios, diz KPMG

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A maioria das empresas familiares brasileiras (70%) está confiante em relação à situação econômica do próprio negócio nos próximos três anos, apesar das incertezas políticas e instabilidades econômicas, enquanto 23% estão neutras e 7% pessimistas. O dado é reflexo dos resultados obtidos por essas organizações nos últimos seis meses, período em que foram registrados, de forma geral, aumento de receita, lucratividade e quantidade de funcionários.

Essas são algumas das conclusões da 3ª edição da pesquisa “Retratos de família”, conduzida pela KPMG com 217 empresas familiares de 19 estados do País, resultando em um dos conteúdos mais completos e extensos já desenvolvidos sobre o tema. Os respondentes são, em 65% dos casos, membros da família proprietária e 30% são diretores. Os setores mais bem representados são: agronegócio (19%); serviços (12%); atacado e varejo (12%); construção (9%); consumo (exceto atacado e varejo, 8%); bens industriais (6%); saúde e ciências da vida (6%); e transporte (5%).

“Esta nova pesquisa revela indicadores únicos, precisos e atualizados sobre práticas de governança corporativa, anseios, expectativas e perspectivas das empresas familiares brasileiras. Os resultados revelam que os líderes dessas organizações confiam nos seus pontos fortes e prezam pela perenidade do negócio com a manutenção da família no controle da operação”, afirma o sócio-líder de Governança Corporativa e Riscos e CEO do ACI Institute da KPMG no Brasil e na América do Sul, Sidney Ito.

Entre os pontos fortes das empresas destacados pelos respondentes estão: tomada de decisões rápida e flexível (54%); marca forte ou presença de mercado (42%); atendimento ao cliente (40%); capacidade empreendedora (33%); valores e cultura compartilhados (22%); engajamento dos colaboradores (19%); robustez financeira e facilidade no acesso ao capital (14%); visão de longo prazo (13%).

Outro dado relevante do conteúdo, elaborado em conjunto com a Fundação Dom Cabral, é o de maior receptividade sobre a transferência da propriedade da empresa à geração seguinte, revelando uma ansiedade pelo crescimento sustentável e geração de valor para as próximas gerações. Sobre a venda do negócio ou a entrada de investidores institucionais, no entanto, persiste a intenção de preservação de controle na família.

Quando perguntadas sobre mudanças que beneficiariam o negócio, as respostas indicaram redução de impostos (18%), leis trabalhistas mais flexíveis (17%) e legislação fiscal mais simples (14%).

Governança corporativa

A ampla maioria se importa com boas práticas de governança corporativa (85%), harmonia e comunicação entre gerações da família (85%), nível de preparação e capacidade demonstrado pelos sucessores (82%) e comunicação com a família sobre a situação do negócio.

Atualmente, 42% possuem Conselho de Administração, dentre os quais 60% com membros independentes. Em metade dos casos, a Diretoria Executiva é composta por membros da família (53%) e, em 85% das organizações, o diretor-presidente também é membro da família.

Somente 64% têm um Código de Ética elaborado, distribuído e divulgado e 46% têm Canal de Denúncias para comunicação anônima de fraudes, ilegalidades e atos em desacordo com as normas. Sobre o tema sucessão, mais da metade (55%) diz que há familiares da próxima geração com interesse na gestão, mas somente 13% consideram que a próxima geração já está preparada.

Receita e lucratividade

A receita histórica demonstrou tendência positiva, com 56% indicando aumento no último semestre, enquanto 25% mantiveram e 19% perderam receita. Os dados estão alinhados com a pesquisa sobre empresas familiares europeias (“European family business barometer”), também realizada pela KPMG. Lá, 57% dos respondentes cresceram em faturamento e 27% o mantiveram no último ano. Na Europa, 71% dos respondentes também estão confiantes com as perspectivas econômicas da empresa familiar.

“Nesse cenário, a lucratividade também cresceu e, quando comparada com a edição anterior, esta nova pesquisa comprova o cenário favorável às empresas familiares brasileiras e à economia em geral. O sentimento de confiança não foi abalado por eventos externos, como a greve dos caminhoneiros e as eleições gerais. Com essa perspectiva, essas organizações devem seguir aplicando recursos no negócio em que atuam”, afirma o sócio-líder de Mercado Empreendedor e Empresas Familiares da KPMG no Brasil, Sebastian Soares.

A maioria (74%) disse que seu plano estratégico inclui investimentos e, destes, 37% pretendem trazer inovação e 15% pretendem investir na manutenção do negócio atual. Outros 28% preveem destinar recursos financeiros em novos negócios ou produtos e 20% estudam a possibilidades de expansão nacional e internacional.

Preocupações e perspectivas

Apesar das expectativas de investimentos, as preocupações mais relevantes são incerteza política e econômica (61%) e redução na lucratividade (48%). A disputa por talentos é um dos itens que cresce bastante, tendo recebido 26% das respostas.

Quase metade (43%) não têm expectativa de mudança na estrutura societária nos próximos anos, uma queda bastante significativa, pois nos anos anteriores foram registrados índices de 84% (2017) e 87% (2016). Todas as demais opções cresceram em porcentagem, demonstrando maior abertura a mudanças, com destaque para a venda da empresa, que evoluiu de 6% nos anos anteriores para 16% em 2018.

Sobre expansão geográfica, em 2016 apenas 27% pretendiam atuar fora das atuais localidades, índice que saltou para 75% agora, sendo consideradas mais atrativas as regiões Sudeste (44%), Nordeste (29%) e Centro-Oeste (29%). Além disso, 34% ambicionam operar fora do País, sendo 21% na América Latina e 13% em outros países.

Perfil das respondentes

Um terço (35%) das respondentes faturam entre R$ 100 milhões e 499 milhões, 23% até R$ 49 milhões e 19% faturam mais de R$ 1 bilhão. Apenas 18% têm até 20 anos de existência, 40% têm entre 21 e 40 anos, 28% de 41 a 70 anos e 14% mais de 70 anos. Sobre qual geração está à frente da empresa familiar, há prevalência da segunda, com os seguintes dados: 1ª geração (31%), 2ª geração (43%) e 3ª geração (19%).

Grande parte dos respondentes (42%) têm entre 100 e 499 funcionários e 18% contam com até 99 funcionários. A maioria tem controle majoritário, e, dentre elas, 45% têm controle por pessoa física e 22% por pessoa jurídica. A pesquisa pode ser acessada na íntegra no link – http://home.kpmg.com/br/pt/home/insights/2018/11/retratos-de-familia-3a-edicao.html.