Documento, ainda em versão inicial, foi criado para atender a demanda de projetos em fase piloto para fabricação do insumo no Brasil e orientar investidores na tomada de decisões
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica — CCEE lançou a primeira Certificação de Hidrogênio do mercado brasileiro, versão inicial de um documento que atestará a origem de produção do insumo a partir de fontes de baixa emissão de carbono. O objetivo é atender a demanda de projetos piloto para fabricação do produto no Brasil.
Em cerimônia para apresentar a novidade, nesta quarta-feira (7), Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE, e o economista Dolf Gelen, líder do programa Hidrogênio para o Desenvolvimento do Banco Mundial, celebraram este primeiro passo na construção de um mercado global que deve ter o Brasil como protagonista.
“Nosso papel será garantir os atributos de sustentabilidade do hidrogênio, assegurar o benefício ambiental do insumo e ampliar a confiança dos investidores na indústria brasileira. Temos condições de sermos líderes nesse setor e a certificação chega no momento certo para alavancar negócios”, disse Altieri.
Segundo o Banco Mundial, hoje são produzidas cerca de 600 milhões de toneladas de hidrogênio por ano no mundo, mas apenas 1% deste volume é considerado hidrogênio com baixa emissão de carbono. A expectativa é de que pelo menos dois terços desse montante seja renovável no futuro. No Brasil, os projetos concentrados no Ceará devem ser peças-chave desse mercado.
A certificação da CCEE foi desenvolvida a partir de uma série de reuniões e workshops com mais de 200 representantes da cadeia produtiva. A versão lançada nesta quarta-feira leva em consideração particularidades do país, como a relevância das hidrelétricas, e exigências do mercado europeu, considerando o continente como um dos potenciais clientes.
Neste primeiro momento o produto será certificado gratuitamente pela Câmara de Comercialização e o documento terá dois tipos de classificação, sendo uma para o insumo 100% renovável, fabricado a partir de energia eólica, solar ou de hidrelétricas, e outra para aqueles parcialmente renováveis, que contam com o complemento de alguma outra fonte, de empreendimentos termelétricos.
As empresas interessadas em ter o seu hidrogênio certificado devem preencher um formulário disponível no site da CCEE. Segundo a organização, o processo entre análise das informações declaradas pelo produtor e a emissão do documento terá prazo médio de 10 dias.
Por se tratar de uma primeira versão, o certificado de hidrogênio emitido pela Câmara de Comercialização considerou os conceitos de Mínimo Produto Viável (MVP na sigla em inglês), possibilitando a identificação de aprimoramentos nos critérios, processo de emissão e relacionamento com as empresas interessadas. Ao longo do próximo ano será continuado o desenvolvimento para contemplar as demandas que surgirem do mercado em relação a padrões nacionais e internacionais, garantindo a evolução da certificação.