Brasileiro reconhece despreparo, mas alega falta de dinheiro para se qualificar

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O trabalhador brasileiro de nível médio – aquele sem formação em Ensino Superior – está ciente de seu despreparo perante as novas exigências do mercado. Ele confia em seu potencial, mas aponta as dificuldades financeiras e o alto custo da educação no país como os principais empecilhos para desenvolver as suas capacidades.

Essa percepção é compartilhada pelas lideranças. Embora a maioria aponte a carência de profissionais especializados como o fator mais impactante em seus negócios, e admita que é responsabilidade do setor privado qualificar a força de trabalho, os executivos brasileiros também alegam falta de recursos para investir em capacitação.

Essas conclusões fazem parte do estudo Future Positive – How Companies Can Tap Into Employee Optimism to Navigate Tomorrow’s Workplace, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) em conjunto com a Harvard Business School, e que traz um diagnóstico dos principais desafios do mercado de trabalho para os próximos anos, a partir da visão de lideranças executivas e trabalhadores.

Trabalhadores e empresas sem dinheiro para qualificação

Das 11 nações abrangidas pelo estudo (Alemanha, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Japão, Reino Unido e Suécia), o Brasil foi onde as dificuldades financeiras são consideradas a principal barreira para a qualificação: 54% dos trabalhadores disseram que não se preparam por falta de dinheiro. Ao mesmo tempo, os brasileiros são os que mais acreditam que a educação seria o fator de maior impacto para as suas carreiras.

O estudo também apontou aspectos importantes envolvendo essa categoria. O trabalhador brasileiro é um dos que mais delegam a si mesmos a responsabilidade por se preparar, enquanto, em outras nações, muitos veem essa tarefa como papel do Estado e do setor privado. A maioria dessa classe no Brasil não está satisfeita com o seu emprego atual, ainda que admitam ter melhorado a sua situação nos últimos anos. Os brasileiros também são mais confiantes que a média global em suas capacidades.

Flexibilização será desafio

Os executivos brasileiros reclamam mais dos reflexos negativos da instabilidade política e econômica do que os de outras nações. Outro ponto de destaque é que, embora a maioria das lideranças locais (60%) entenda que a flexibilização será a questão mais impactante para os negócios nos próximos anos, apenas 40% disse estar bem preparada para isso.

“As companhias estão vivenciando uma incerteza em relação ao futuro. As mudanças sem precedentes, verificadas das últimas duas décadas, geraram certa ansiedade, refletida principalmente nos trabalhadores de nível médio, que são os mais vulneráveis às intempéries do mercado de trabalho. Além disso, o estudo revela uma lacuna entre as percepções de executivos e trabalhadores sobre capacitações individuais, e a real capacidade de as empresas investirem amplamente para preparar sua força de trabalho para o futuro”, diz Manuel Luiz, sócio do BCG e líder da prática de Pessoas e Organização no Brasil.

Metodologia

Para a concepção do estudo Future Positive – How Companies Can Tap Into Employee Optimism to Navigate Tomorrow’s Workplace, o BCG e a Harvard Business School entrevistaram 11 mil trabalhadores de 15 setores em 11 países: Alemanha, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Japão, Reino Unido e Suécia. As entrevistas foram feitas em maio de 2018.

Também foram entrevistados 6.500 líderes mundiais dos negócios de oito nações: Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos, França, Índia, Japão e Reino Unido. As enquetes aconteceram entre agosto e setembro de 2018. Desse universo, 43% ocupa função de liderança – a partir de diretores executivos, representando empresas de diferentes tamanhos.

Confira a íntegra do estudo em: https://www.hbs.edu/managing-the-future-of-work/Documents/Future%20Positive%20Report%205.20.pdf