A economia mais forte da América Latina está perdendo sua capacidade de desenvolver, atrair e reter os talentos necessários para servir o mundo dos negócios.
O último Relatório Mundial de Talentos (World Talent Report) da importante escola de negócios global IMD mostra que o Brasil caiu para o 57o lugar em um ranking da capacidade dos países de atender as necessidades corporativas.
O relatório representa uma avaliação anual da capacidade dos países de efetivamente cultivar e sustentar talentos para as empresas que operam dentro de suas economias.
O Brasil, que ficou em 52o lugar no ano passado e está agora a apenas quatro posições do último lugar, experimentou um declínio em uma variedade de indicadores de desempenho relevantes.
O professor Arturo Bris, diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD (IMD’s World Competitiveness Center), que realizou o estudo, disse: “Poder econômico puro e talentos nem sempre caminham lado a lado”.
“O principal atributo entre todos os países que ocupam uma alta posição em nosso ranking é a agilidade, como exemplificado em suas capacidades de definir políticas que preservam seus fluxos de talentos”.
“Sob esse aspecto, talvez compreensivelmente, o Brasil e outras economias latinas em desenvolvimento ainda estão, decididamente, deficientes, em comparação com os países desenvolvidos”.
“Porém, o que deve ser uma preocupação particular do Brasil é que a situação parece estar se deteriorando, em vez de melhorar. É desnecessário dizer que essa tendência tem de ser revertida”.
Outras economias latino-americanas também estão em dificuldades, com o Chile em 43o lugar, o México em 49o, a Colômbia em 50o, a Argentina em 53o, o Peru em 59o e a Venezuela em 60o. Apesar de o México, Chile, Argentina e Colômbia haverem melhorado um pouco suas posições neste ano, todos os países latino-americanos estudados se colocaram na terça parte inferior do ranking.
Algumas das grandes economias também tiveram um desempenho frustrante, com os EUA se arrastando no 14o lugar, o Reino Unido em 21o, a França em 27º e a China continental caindo para o 40o lugar.
A Suíça ocupou o primeiro lugar no ranking — como o fez no ano passado — seguida pela Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Finlândia, Alemanha, Canadá, Bélgica e Cingapura.
Os rankings se baseiam em dados relativos à competitividade coletados por 20 anos, incluindo levantamentos minuciosos com mais de 4.000 executivos nos 61 países cobertos pelo estudo.
A pesquisa se foca em três categorias principais: investimento/desenvolvimento, atração e prontidão — fatores que, por sua vez, derivam de outros fatores, como educação, aprendizagem, treinamento de empregados, fuga de cérebros, custo de vida, motivação do trabalhador, qualidade de vida, habilidades linguísticas, remuneração e alíquotas tributárias.
As principais categorias são agregadas em um ranking geral anualmente. Além disso, a evolução de cada país nos vários aspectos é avaliada no curso de uma década — nesse caso, de 2005 a 2015 — para identificar os países mais competitivos em matéria de talentos.
Sobre o IMD
O Centro de Competitividade Mundial do IMD faz parte da escola de negócios IMD e também publica o Anuário da Competitividade Mundial (World Competitiveness Yearbook). O Anuário da Competitividade Mundial é publicado desde 1989 e é amplamente reconhecido como o principal relatório anual sobre a competitividade dos países.