Por Daniel Domeneghetti
O mundo decidiu apostar no chamado empreendedorismo, que tem como objetivo desbravar o mercado em busca de novos modelos de negócios. A economia, certamente, impulsionou essa iniciativa quando o mercado de trabalho passou a ter um novo perfil e a Geração Y, aqueles que estão na faixa de 21 a 34 anos, buscou novas formas de atuação profissional.
E aí vieram as avalanches de startups. Muitos enxergaram este movimento como a saída para revolucionar o mercado, sendo um mecanismo para encontrar a solução de problemas em diferentes setores. E a quantidade de iniciativas neste sentido só tem aumentado. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o número de empresas startups cadastradas na associação dobrou entre 2012 e 2017, indo de 2.519 negócios para 5.147. Hoje, já são 12 mil empresas seguindo esse modelo.
Com os sonhos, vieram os investimentos e o Brasil passou a sediar os novos unicórnios, termo que classifica empresas que deslancham em seus segmentos e passam a valer mais de 1 bilhão de dólares, como a Nubank, a Pagseguro e a 99 Táxi. Hoje, no País, há cerca de sete mil investidores dispostos a investir pelo menos 50 mil reais, segundo dados da associação Anjos do Brasil.
É um mundo a explorar e também a questionar! Por um lado, temos uma avalanche de pessoas com conhecimento e boa vontade querendo transformar o mercado. Do outro lado, instituições sedentas para injetar dinheiro em um produto novo. A soma disso é uma quantidade expressiva de novos empreendedores que dão o sangue em busca da carta de alforria: receber um bom aporte de dinheiro pela sua brilhante ideia fim!
Está errado! Não precisamos de empreendedores querendo apenas levantar fundos. Precisamos criar o empresarismo, ou seja, criar empresários, que passam parte da vida se dedicando aos negócios e fazendo com que eles se desenvolvam e deem frutos no mercado. É disso que precisamos!
Para aproveitarmos esses investidores que podem emergir os novos negócios, temos que conectar aqueles que trazem a inspiração aos que têm condições de subsidiar essas novas ideias que surgem dia a dia. Assim, teremos condições de colocar uma nova turbina no Brasil, já que a estrutura político-econômica não dá condições para quem quer apostar no mercado.
É hora de arregaçar as mangas, mostrar que cada iniciativa não deve ser pensada apenas para ser vendida, mas sim ser regada para semear o mercado. O pensamento da venda de uma grande ideia turva a proliferação de um mercado fértil para esta e para as próximas gerações. Vamos apostar no empresarismo para transformar nosso País!
Daniel Domeneghetti, especialista em relações de consumo, em práticas digitais no relacionamento com cliente e CEO da DOM Strategy Partners