Embora a percepção do mercado em relação ao risco Brasil venha apresentando melhora em relação ao cenário no ano passado, a grande pergunta do dia no meio empresarial é quando e em que velocidade poderá ocorrer a retomada do crescimento. Após uma revisão necessária de foco, redirecionamento de prioridades e ajustes na alocação de recursos impostos pela crise em empresas de praticamente todos os setores, o executivo financeiro das organizações no Brasil ganha atribuições muito mais relevantes e estratégicas.
Há tempos estamos vivenciando uma era de constantes e rápidas mudanças. O mundo está muito mais integrado e dinâmico do que antes, a informação é transmitida em tempo real e o comportamento das pessoas é influenciado em um ritmo muito mais intenso. Esse dinamismo traz novos desafios e oportunidades à liderança e os CFOs precisam estar bem posicionados para capitalizar as oportunidades e contribuir no direcionamento e execução da estratégia da empresa, com uma visão de mercado muito clara e embasada.
Além de fornecer informações e perspectivas estratégicas para a tomada de decisões cruciais nas organizações, o novo CFO deve ser um líder. Ele precisa ter bom relacionamento e conquistar a confiança de seus pares, de parceiros e do mercado. Por representar a organização e ter um posicionamento estratégico, deve ser capaz de ouvir e influenciar a tomada de decisões que terão impacto direto no futuro do negócio.
Ao mesmo tempo, o CFO precisa estar próximo dos aspectos operacionais da empresa, atuando em iniciativas para a otimização de receitas e a redução de despesas. É necessário que de tempos em tempos, sobretudo na atual conjuntura econômica, o CFO reveja e reavalie os procedimentos adotados pela empresa, visando aumentar a produtividade e a assertividade dos processos de gestão e a minimização de riscos.
A redução de desperdícios passa também por uma blindagem nos processos de compliance que podem resultar em perdas e penalidades para a empresa, como falhas nos controles sobre apuração e pagamento de impostos e contribuições previdenciárias ou quebras nos controles sobre riscos de fraude.
De acordo com o Índice Global de Complexidade 2015 da TMF Group, lançado em 2016, o Brasil é um dos dez países mais complexos do mundo para as multinacionais ficarem em conformidade com a regulamentação e a legislação corporativa. Um estudo do Banco Mundial revela ainda que as companhias brasileiras gastam cerca de 2,6 mil horas por ano com o Fisco contra uma média mundial de 264 horas.
Esses fatores resultam em novas demandas e oportunidades para o CFO. A revisão da estrutura da área financeira e de seus processos é o pilar fundamental para dar sustentação aos desafios do diretor financeiro. Nesse contexto, a terceirização de atividades transacionais pode auxiliar os executivos na padronização, aumento de eficiência e confiabilidade dos processos, permitindo maior concentração nas atividades estratégicas e de apoio ao negócio requeridas no novo contexto.
Estando as finanças intrinsicamente ligadas à cada aspecto dos negócios de uma companhia, o CFO adquire tons mais estratégicos e fundamentais para toda e qualquer tomada de decisão. É ele o responsável por suprir os tomadores de decisões com informações de altíssima qualidade e precisão que as justifiquem. Agora e no futuro, pesam sobre os ombros dos executivos financeiros grandes responsabilidades.
Athos Dourado, diretor financeiro da TMF Group Brasil