*Por Ankur Prakash
O Brasil é um país de muitas peculiaridades, e afora os últimos problemas políticos que ocasionaram uma série de manifestações em todo o país, temos também um dos sistemas governamentais mais complexos do mundo. Não que isso seja um total problema, mas assim como em grandes empresas, as companhias de tecnologia que pretendem se tornar parceiras de negócios do governo devem saber a fundo o que fazer para tornar cada vez mais assertivos os sistemas e processos dos Poderes.
Um detalhe notório é o fato de que o governo tem buscado se manter atualizado, e procura de maneira intensa sistemas que alavanquem sua produtividade, forneçam maior eficiência operacional e, claro, reduzam também os seus custos. Além disso, uma boa parceria no setor pode alavancar o potencial de negócios da administração do país.
O check-list do setor público
Ao manter todos os sistemas up to date o setor público busca aproximar a sua operação da eficiência gerada em empresas privadas e, passa a enfatizar o uso das melhores práticas e controles de mercado, como a transparência e a governança. Obviamente que uma boa prestadora de serviços deve passar por alguns crivos, como garantir uma proposta entregável e com a devida qualidade. Além de também mostrar que, quanto melhor o software utilizado e quanto mais ‘primeira linha’ for a sua implementação, mais difícil será burlar os controles e processos.
Ter clareza na negociação e atender aos acordos regidos pelos editais públicos são apenas obrigação, o que o governo precisa hoje é inovação com preços e prazos competitivos. E antes de qualquer análise, é preciso esclarecer de que aquele ditado que diz “pegou lá fora, vai pegar aqui também”, é uma grande fantasia, pois ainda que o mesmo sistema seja implementado no Brasil e nos Estados Unidos, as especificações de cada um serão totalmente diferentes. Isso porque os quesitos públicos, fiscais e tributários de cada país, também diferem muito. Além de outras variáveis que podem impactar no fim de cada projeto.
O conhecimento local faz diferença
Empresas multinacionais geralmente possuem grandes parceiras globais e um vasto conhecimento do negócio, também global, em que atuam, o que é ótimo. Mas e quando o projeto pede conhecimento e experiências locais? Grandes clientes mundo afora e uma gama de certificações não substituem o conhecimento onsite de cada profissional. A cultura, nesse momento, é um dos itens mais importantes quando o governo precisa de auxílio tecnológico, o idioma pode sim dificultar um trabalho, o DNA brasileiro tem grande peso, e é por isso que, apesar de focar na economia de mão de obra, as melhores fornecedoras serão aquelas que executarem seus serviços localmente.
Nos próximos anos o governo vai intensificar o investimento em tecnologia; o próprio Gartner, já com uma lista de tendências para o setor, mostra que a área pública vai precisar de companhias com fortes alianças internacionais, compromisso com entregáveis, compliance com as leis do país e, acima de tudo, o know-how do trabalho no país.
*Ankur Prakash é VP de New Growth e Emerging Markets da Wipro.