Taxas de juros altas praticadas em toda a região representam o principal desafio para garantir financiamento, de acordo com 44,5% dos profissionais de fintechs da América Latina, segundo novos dados da LatAm Intersect PR/Fintech Nexus State of Fintech Relatório da América Latina. Foi o que os entrevistados que trabalham em instituições B2B tradicionais (77,8%), instituições B2B apenas online (50%) e fornecedores de tecnologia fintech (57,1%) responderam na pesquisa. O estudo revela ainda que 52,5% dos profissionais regionais entrevistados acreditam que a restrição do financiamento deste ano é um “aspecto inevitável do ciclo econômico” e já foi contabilizada nas expectativas.
Todas essas conclusões fazem parte do relatório deste ano, um compilado com informações de 300 profissionais de fintechs e bancários que atuam na região. Agora, em sua terceira edição, o relatório detalha os problemas, oportunidades e barreiras enfrentadas pelo setor fintech da região. Enquanto os anos anteriores destacaram o potencial das fintechs para abordar questões sociais mais amplas, como a inclusão financeira, bem como impulsionar setores tradicionais como a agricultura, o coração da economia latino-americana.
No ano passado, os incentivos fiscais e comerciais (ou seja, subsídios e descontos) para incentivar as transações online foram considerados o segundo maior impulsionador das fintechs; já neste ano caíram para o terceiro lugar, passando de 30,6% para 19%. Por sua vez, a penetração mais profunda e mais barata dos smartphones em toda a região é agora considerada o segundo fator positivo (para 24% dos entrevistados) por trás da regulamentação governamental para reduzir as taxas e encargos bancários para segmentos de consumidores sub-representados em 31,5%.
Este ano, embora a inclusão bancária continue a ser destacada como a maior oportunidade para o setor fintech da América Latina – de acordo com 48,5% dos entrevistados – percebe-se uma ligeira queda em relação ao ano passado (53,2%). Outras questões mais recentes emergiram do debate deste ano na pesquisa, especialmente no que diz respeito à tecnologia.
O relatório também apresentou um “gap Web3” significativo, com 19% dos entrevistados reconhecendo a oportunidade de aproveitar essa onda, mas admitindo não ter nenhuma oferta atual no mercado, acima dos 7,6% do ano passado. Os entrevistados que descrevem os serviços Web3 como irrelevantes para o presente, sem planos de investimento, também caíram de 30,1% para 18,5%. Este ano houve também uma diminuição no número de entrevistados – de 58,6% para 52,5%- que descreveram ser “muito cedo para dizer”, mas que mantêm um “interesse ativo” na ferramenta.
“A pesquisa State of Fintech América Latina revela não apenas as realidades que o setor enfrenta – ‘um ambiente regulatório favorável’, por exemplo, de acordo com 34,5% dos entrevistados – mas o progresso que está sendo feito em toda a região. De acordo com os nossos dados, 42,5% das organizações entrevistadas já incorporaram IA generativa nas suas funções de atendimento ao cliente e 34% utilizam a tecnologia para apoiar pesquisas e insights. Esta é uma grande mudança em relação a uma tecnologia que está disponível, na realidade, há apenas um ano”, afirma Joy Schwartz, presidente da Fintech Nexus.
‘’O relatório State of Fintech Latin America tornou-se uma referência no cenário regional de fintechs, em muitos casos, confirmando que a ‘lógica presumida’ de outros mercados não pode simplesmente ser replicada sem considerar as realidades do mercado local. Na América Latina, por exemplo, a inclusão bancária é considerada uma oportunidade não apenas para as instituições financeiras voltadas para o consumidor, mas também para as suas contrapartes b2b, com 77,8% dos entrevistados deste último segmento destacando-a como uma prioridade, significativamente superior à de todos os entrevistados, com média de apenas 29,3%”, afirma Roger Darashah, diretor e cofundador da LatAm Intersect PR.
“Além disso, quando os consumidores latino-americanos selecionam um banco, os entrevistados continuam a citar amigos e familiares como a principal fonte de informação e recomendação (representando 55% em 2023, uma queda de apenas 0,2% em relação a 2022). Esta é uma visão vital e prática para bancos e fintechs que procuram aprofundar a inclusão bancária em toda a região, bastante diferente de mercados como a América do Norte e a Europa, em que a busca na Web desempenha um papel muito mais importante”, adiciona.