Por Claudio Scheuer
Já pensou em trabalhar a partir de qualquer lugar do mundo? Ok. Você precisa somente de um bom e confiável acesso à internet. Em um mundo onde os nômades digitais crescem a cada dia, trabalhar remotamente da sua casa no Morumbi ou à beira da praia na Tailândia, já não é surreal, muito menos distante. Brasileiros sendo contratados por empresas americanas, indianos indo trabalhar em Londres, isto já virou rotina. Apelidados de expats, termo em inglês para expatriados, estes nômades enfrentam desafios e muitos, muitos problemas.
Cobertura de seguro de saúde, envio de remessas de dinheiro, emissão de documentos, a lista não tem fim! A parte boa é que a tecnologia vem se tornando uma aliada e várias soluções foram e estão sendo criadas para facilitar o processo de quem decide mudar e viver em outro país.
A mundialmente conhecida Transferwise, por exemplo, começou pela insatisfação de um expat, que quando morava na Inglaterra enviou seu dinheiro para seu país de origem, a Estônia, pela primeira vez. A finalidade era somente pagar o financiamento da sua casa no seu país natal. Para seu desespero, no dia seguinte, ele descobriu que o banco cobrou uma taxa altíssima para a transferência internacional que beirava 5% do montante.
Inconformado, ele decidiu falar com um amigo que estava morando na Estônia para que pagasse seu financiamento. Ficou decidido que eles pagariam as contas um do outro, um na Inglaterra e outro na Estônia, desta forma o dinheiro não precisava circular internacionalmente e eles conseguiam evitar as altas taxas dos bancos. Desta ideia simples, a partir de um problema recorrente aos expats, surgiu a Transferwise já avaliada em mais de U$1 BI.
E quando você é um expat e precisa de atendimento médico em outro país? O que você faz? Como paga pelo serviço? SafetyWing, guarde este nome. Esta startup norueguesa está propondo aliviar as dores de cabeça geradas por despesas médicas no exterior. Sim, eu sei que você já conhece seguros de viagem, mas a proposta é outra. O plano inicial custa US$37 a cada 4 semanas, renovável automaticamente. A solução facilita a imigração de quem tem medo dos gastos ao precisar de atendimento médico em países como Estados Unidos.
Até mesmo a verificação de identidade pode ser um incômodo. Imagine você ter que achar um cartório, ou notary (em inglês), para reconhecer documentos ou atestar veracidade de assinaturas? Já existem vários projetos de startups mundo a fora que prometem acabar com este processo complicado por meio de tecnologias ligadas à blockchain.
A Yoti, como exemplo, é uma startup de Londres que já está aplicando tecnologia de reconhecimento facial para atestar a idade de usuários de aplicativos. Desta forma sites para adolescentes e crianças se tornam mais seguros por terem seus usuários realmente com idades compatíveis. A startup também conta com um aplicativo de identidade digital, que permite que usuários se identifiquem através do celular, ao invés de carregar um documento de identidade.
Grandes formas de disrupção já derrubaram paredes, muros e atravessaram oceanos. A era digital já é realidade há muito tempo. Oportunidades camufladas de problemas não param de surgir. Simples, pode ser o novo modo de pensar. Habilidades únicas são cada vez mais requisitadas e valorizadas. Não podemos afirmar como o mundo será em 20 anos. Só o que podemos assegurar é que problemas ainda serão resolvidos por pessoas criativas com mentes disruptivas, de qualquer idade, etnia e credo. Por um motivo simples, os problemas sempre existirão.
Claudio Scheuer, head internacional da Spin, primeira e maior rede de aceleradoras starup + indústria do Brasil.