A Vammo, startup brasileira que promove a mobilidade elétrica por meio de locação de motos elétricas e trocas de bateria, com sede em São Paulo, recebeu aporte de US$ 30 milhões. O investimento da Série A está sendo liderado pela monashees, um dos principais fundos de Venture Capital do Brasil, que já havia investido no Seed Round da companhia. O Construct Capital, fundo norte-americano que liderou essa rodada inicial no ano passado, quando a Vammo (na época chamada Leoparda Electric) recebeu US$ 8,5 milhões, também voltou a participar. Outros investidores de destaque na Série A são o fundo de capital de risco europeu 2150, um dos principais dentre aqueles focados em tecnologia climática e descarbonização, e o Maniv Mobility, fundo de capital de risco especializado em mobilidade global.
“Estamos muito empolgados em continuar apoiando a Vammo, que conhecemos a fundo e cujo time tem nos impressionado com a rapidez e a qualidade da execução. A empresa é a principal referência em eletrificação na América Latina”, afirma Carlo Dapuzzo, General Partner da monashees, que havia investido no aporte Seed (co-líder). HARDS, fundo brasileiro especializado em hard tech, também participou da rodada. A parte da dívida ficou compartilhada entre outros investidores institucionais brasileiros especializados em empréstimos baseados em ativos.
O plano é usar a verba para ampliar as operações em São Paulo e, em seguida, expandir para outros países da América Latina, como Colômbia e México. A expectativa é se tornar o maior player no segmento de veículos elétricos na região em 2024, contando o número de veículos em circulação, e ter uma carteira que chegue à ordem de 15 mil de clientes até o fim de 2025. “Nosso propósito é desenvolver a infraestrutura para que a mobilidade elétrica seja uma realidade na região. Ficamos animados em trazer investidores para o Brasil que apostam na Vammo para liderar essa transição e que, assim como nós, acreditam que os veículos de duas rodas serão os primeiros a se popularizar de fato entre os elétricos”, afirma Jack Sarvary, CEO da Vammo.
As motos elétricas, por serem mais econômicas (calculado por quilômetro, “abastecer” com energia é quase 10 vezes mais barato do que com gasolina), tornaram-se uma alternativa interessante especialmente para os profissionais de entregas e trabalhadores liberais que costumam rodar grandes distâncias por dia. Outro público impactado é formado pelas pessoas que trabalham de forma híbrida em empresas dos grandes centros financeiros de São Paulo e que entendem que a moto elétrica faz mais sentido que o carro para se deslocar esporadicamente em trechos curtos, de casa para o escritório e vice-versa.
Além disso, de modo geral, a venda de motos no Brasil continua a crescer, o que reforça o otimismo: em 2023, foram 1.180.618 unidades vendidas ao longo dos nove primeiros meses do ano, aumento de 19,68% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). E as vendas no ano de 2022 já haviam sido 18% maiores que as do ano de 2021, mostrando uma tendência de crescimento de longo prazo.
Tecnologia de autoatendimento e fábrica em Manaus
A Vammo foi inaugurada no ano passado, promovendo um modelo de negócios inovador, focado no serviço de aluguel de motos elétricas de várias marcas, incluindo a troca de baterias e a manutenção dos veículos, oferecendo aos motoqueiros uma alternativa mais limpa e barata de circular com agilidade pela capital paulista e arredores. Atualmente, conta com oito bases de trocas de bateria, localizadas em endereços estratégicos da cidade, com estrutura para também oferecer conforto e acolhida aos seus mais de 300 clientes – que já somaram, desde a inauguração da startup, mais de 4 milhões de quilômetros rodados e realizaram mais de 150 mil trocas de bateria.
Esse ano, a startup lançou seu protótipo de estações para autoatendimento, que consiste em gabinetes que armazenam e recarregam as baterias, e que podem ser operados diretamente pelos motoqueiros, permitindo a troca de uma bateria vazia por outra carregada em um processo que leva menos de dois minutos. O hardware, importado (por ora), foi totalmente adaptado para a realidade local e está funcionando com 100% de precisão. A inovação dá mais capilaridade ao serviço e agilidade aos clientes. Esse equipamento, inclusive, já tem sido requisitado por fabricantes de motos a fim de ajudar suas vendas em outros países. Conforme a expectativa dos fundadores da startup, ele tem potencial para se tornar o padrão que a região latino-americana vai usar com os veículos elétricos.
Dentre os próximos passos planejados para escalar a plataforma está a implantação de uma fábrica em Manaus nos próximos meses, com o objetivo de internalizar a produção das motos, gabinetes e baterias Vammo. Criando produtos e soluções específicas para o Brasil, a empresa pretende ainda transformar o país em um polo de inovação e tecnologia para o mercado de veículos elétricos e líder na transformação para a mobilidade elétrica na América Latina.
“Acreditamos que, aqui no Brasil, essa revolução para mobilidade elétrica não vai acontecer de cima para baixo, como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, com marcas como Tesla. São as motos, e não os carros, que vão impulsionar o mercado de eletrificados e transformar a cultura da mobilidade. Carros elétricos ainda são caros demais para a maioria da população, mas nossa proposta oferece uma solução mais barata, que pode interessar tanto aos milionários quanto à população de baixa renda”, afirma Billy Blaustein, COO da Vammo. “Além disso, a matriz energética do Brasil é uma das mais renováveis do mundo, com geração de energia realmente sustentável. Em países assim, precisamos eletrificar as frotas urgentemente”, finaliza.