O escritor Peter Drucker aponta que não é possível gerenciar algo que não se pode medir e, seguindo esse raciocínio, o engenheiro biomédico e CEO da Mindify, André Ramos, criou um software para capacitar equipes de saúde no uso de protocolos de referência, que receberam o nome de Protocolos Automatizados.
“Atualmente, o prontuário eletrônico usado pelas equipes de saúde não facilitam o entendimento, muitas vezes eles geram uma burocracia que chega a tomar 70% do tempo dos atendimentos. Em uma situação de pandemia o tempo é precioso, logo, as equipes são obrigadas a deixar de usar o prontuário eletrônico em sua plenitude, mas esse movimento faz com que dados deixem de ser gerados e sem eles torna-se impossível promover uma assistência custo-efetiva. Nosso papel com os protocolos automatizados é facilitar o trabalho do dia a dia das equipes de saúde”, explica André Ramos.
Com o intuito de alcançar o maior número de hospitais públicos e privados do país, André tentou contato com os governos, pois sabia que sua ferramenta seria útil para os profissionais de saúde, principalmente nos atendimentos do coronavírus, mas teve dificuldade de conseguir o contato certo.
Por participar de inúmeros grupos de inovação, o CEO conheceu o programa IdeiaGov, um Hub de Inovação que traz soluções de mercado e da sociedade para desafios do Governo do Estado de São Paulo. Entre os desafios em andamento, encontrou o Edital de Ofertas Tecnológicas para o enfrentamento da COVID-19 e decidiu inscrever sua proposta. André percebeu que o IdeiaGov seria o melhor caminho para apresentar os Protocolos Automatizados para o governo.
“Vimos a oportunidade de demonstrar as facilidades da Mindify para as pessoas certas, dentro de um contexto adequado. Com isso, nos inscrevemos, passamos por todos os processos e fomos selecionados. O IdeiaGov nos deu a oportunidade de mostrar e de aplicar nossas inovações. Já tivemos uma primeira reunião e agora, minha expectativa é que os Protocolos Automatizados sejam implementados no Hospital das Clínicas”, comenta o CEO.
Os Protocolos Automatizados
Os protocolos foram definidos a partir da experiência prática de lideranças médicas e podem ser trocados ou customizados para as particularidades de cada hospital. A Mindify simplifica e valida a coleta de dados, tanto pelo paciente, quanto pelos Profissionais da Saúde, e os apoia nas tomadas de decisões com base em guidelines de referência e em serviços de Inteligência Artificial (IA).
A ferramenta estava pronta desde 2019, bastou que fossem parametrizadas os protocolos de combate ao coronavírus. O CEO explica que a primeira versão demorou apenas três dias para sair porque eles têm um robô que automaticamente faz toda a programação dos protocolos, depois os protocolos foram sendo atualizados a cada duas semanas, pois as diretrizes clínicas mudavam o tempo todo conforme o entendimento da Medicina sobre a doença evoluída.
A proposta da empresa é assistir toda a jornada do paciente desde a triagem, passando pela quarentena em casa com telemonitoramento, chegando até a ajudar médicos no diagnóstico e da definição do tratamento. Tudo isso gera dados valiosos que podem ser anonimizados e então compartilhados com as lideranças médicas responsáveis pela definição e melhoria contínua dos protocolos.
“Um dos maiores benefícios dos Protocolos Automatizados é que a ferramenta é intuitiva ao ponto de ser capaz de ajudar na capacitação das equipes de Saúde, além disso, é muito ágil. Tudo isso estimula a geração de dados clínicos do mundo real, mesmo no caos da pandemia, que por sua vez ajudam gestores hospitalares e pesquisadores a promover um custo-efetivo combate à pandemia”, finaliza Ramos.