Small cells na América Latina, ótima notícia paras as redes móveis da região

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Por Hector Silva*

Quando o setor de comunicações desembarcou em Barcelona para o Mobile World Congress 2015, as atenções estavam, sem dúvida, voltadas para os smartphones, aplicativos e tablets mais recentes, mas eu particularmente, estava pensando nas montanhas de dados que precisarão de backhaul na rede wireless em função dessas tecnologias.

A adoção do smartphone aumentou a passos largos na América Latina, com mais de 150 milhões de conexões e atualmente com previsão de quadruplicarem até 2020, e com taxas de adoção de smartphone de quase 45% em alguns países, de acordo com Latin Link. A região também tem quatro megacidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e Buenos Aires (áreas metropolitanas com populações totais de mais de 10 milhões), para as quais a demanda de redes móveis tem sido especialmente desafiadora.

Apesar de o backhaul para a rede móvel não gerar a mesma empolgação que outros assuntos, já que opera nos bastidores, ele é essencial para a experiência do usuário. Com os latino-americanos consumindo quantidades cada vez maiores de conteúdo de vídeo (a Netflix anunciou recentemente o marco de cinco milhões de usuários apenas nessa região) e com novas licenças sendo concedidas para utilizar o espectro e novos participantes entrando no mercado (recentemente a AT&T comprou no México os provedores de wireless Nextel e Iusacell), as expectativas dos usuários crescem rapidamente. Isso significa que parte da rede que transmite conteúdo entre estações rádio base e os data centers se tornou um foco ainda mais importante. Simplificando: redes de backhaul são vitais, pois basicamente ditam a qualidade da experiência, servindo como ponte entre os usuários finais móveis e seu conteúdo.

Como resultado, operadores móveis estão buscando soluções que atendam às expectativas de seus clientes e também os ajudem a continuar lucrativos. Além da transição em andamento para velocidades 4G, operadores de redes móveis (MNOs) estão cada vez mais se voltando para as small cells para aumentar a velocidade de acesso de redes wireless e melhorar a cobertura em locais mau atendidos por torres de macrocélulas devido à distância e/ou obstruções entre o usuário e a torre, resultando em cobertura insatisfatória, menores velocidades de acesso e uma qualidade de experiência (QoE) reduzida para os usuários. Os principais locais para implantação de small cells incluem estádios, shoppings, prédios comerciais e outras áreas em que clientes estejam cercados por prédios que interferem na transmissão de sinal, chamadas de pontos cegos, bem como áreas rurais afastadas. Em cidades tais como São Paulo, Cidade do México, Rio de Janeiro e Buenos Aires, abarrotadas de prédios comerciais altos, as small cells podem fazer uma grande diferença na cobertura e no desempenho, representando um poderoso diferencial competitivo para os operadores.

Um desafio a ser encarado pelas MNOs é garantir que o tráfego gerado pela small cells terá backhaul para a macrocélula ou diretamente para o Central de Comutação de Telefonia Móvel (MTSO). Dependendo da viabilidade econômica, o backhaul por fibra é a melhor escolha devido a sua escalabilidade, segurança, custo-benefício e por ser uma tecnologia de rede bem conhecida. Porém, em alguns lugares, a fibra pode ser difícil ou impossível de implantar, o que significa que outras soluções de backhaul, tais como micro-ondas e milímetro-ondas, podem ser utilizadas. Já que os MNOs estão cada vez mais locando seus serviços de backhaul de operadores de rede fixa, devem ter a capacidade de transportar o tráfego do usuário dá interfaces aéreas (antena + rádio) até os data centers, desta forma quando a velocidade de acesso do dispositivo móvel aumenta, a parte do backhaul da rede fim a fim deve aumentar também para que não se torne o ofensor de performance. Resumindo, os usuários de soluções móveis da América Latina estão usando cada vez mais a rede para acessar mais aplicativos, principalmente conteúdo de vídeo. Ao usar small cells para aumentar as velocidades de acesso a esse conteúdo por sua rede móvel, operadores melhorarão a QoE do usuário final, resultando em um diferencial competitivo significativo.

Hector Silva é CTO da Ciena