Por William Teixeira
Na metade do ano passado, Paulo Guedes já havia mencionado que enxergava a taxa de juros em menos de 4% (na casa de 3%), isso era absolutamente normal e saudável para um país que pretendia retomar o crescimento econômico. Na época, a Selic estava em 6,5% e vimos a taxa caindo para 4,5% no final de 2019. O mercado, em sua maioria, estava satisfeito com esse cenário.
O Copom já falava que 4,5% era a projeção para esse ano, mas não foi o que aconteceu. Alguns dados como o arrefecimento da indústria, no final do ano, e a preocupação com uma possível contração do PIB se imaginava em função do coronavírus são fatores que fazem com que o governo seja ainda mais agressivo em relação a taxa de juros.
Em relação aos números da economia real, o endividamento aumentou um pouquinho, em relação a 2019, subiu 0,5%, chegando a 65,6% das famílias. Isso não é necessariamente ruim, se avaliarmos que esse endividamento não aumentou a inadimplência. Números que podemos ver claramente nos balanços dos bancos. Inclusive, essas instituições continuam com lucros muito altos, mostrando para todo mundo que a relação entre taxa de juros baixa e banco perdendo dinheiro, de fato, não existe.
Enfim, sabemos que a Selic caiu 0,25%, mas a grande pergunta é: esse é o final do ciclo de corte ou não? Já se apostava que 4,5% era o último patamar do ano anterior, e isso não aconteceu. Nesse sentido, o mercado tem revisto com muito cuidado, muita cautela, as projeções de Selic para esse ano. Ainda mantemos sob o foco a questão do coronavírus e da indústria, mas esse é o grande questionamento para as próximas reuniões: se ainda tem espaço para mais uma queda na taxa de juros?
William Teixeira, sócio e head de renda variável da Messem Investimentos.