Empreendedorismo é apontado como opção de carreira por 60% dos estudantes entrevistados. É o que revela a pesquisa “Empreendedorismo em Universidades Brasileiras”, realizada pela Endeavor , organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo de alto impacto. O levantamento foi divulgado durante a Rodada de Educação Empreendedora, evento que está sendo realizado, durante esta semana, com educadores em Santa Catarina e ouviu 6.215 estudantes universitários de todas as regiões do país que responderam perguntas referentes à sua exposição ao empreendedorismo, suas aspirações, confiança em suas capacidades e resultados que esperam ao abrir uma empresa.
De acordo com o estudo os homens tendem a ser mais empreendedores do que as mulheres: 67,5% manifestaram este desejo contra 51,7% do sexo oposto. Mas para concretizar este desejo, é preciso se dedicar mais. Entre os potenciais empreendedores, apenas 38,1% afirmaram que dedicam algum tempo estudando como iniciar um novo projeto e somente 24,4% economizam dinheiro para esse fim.
Ter emprego remunerado em empresas recém-criadas ou em estágio inicial também pode contribuir para o desempenho do futuro empreendedor, 70% dos entrevistados que já tiveram experiências como essas relataram estar mais confiantes.
O empreendedorismo vive um momento muito bom no Brasil, e não só entre os estudantes. “Os universitários são atores essenciais nesse movimento. Essa tendência é interessantíssima, e nossa pesquisa mostra que não só os universitários e as universidades veem o empreendedorismo com bons olhos, mas também seus pais”, afirma Amisha Miller, gerente de Pesquisa e Políticas Públicas.
A pesquisa também aponta que 62,8% dos pais dos universitários que já empreendem possui um negócio próprio, além disso, para 60,2% dos universitários, a opinião dos pais é considerada “importante” ou “extremamente importante”.
Mas o jovem precisa ter consciência de que abrir uma empresa não é algo simples ou rápido. “Para ter sucesso na carreira é preciso estudar, ler bastante, ter contato com diversos empreendedores, buscar informação sobre como iniciar um negócio, participar de organizações estudantis, além de estagiar em start-ups”, destaca Amisha.
Entre as conclusões da pesquisa está o fato de que os universitários brasileiros são “extremamente confiantes” em relação às suas capacidades pessoais, mas se sentem inseguros sobre os conhecimentos técnicos necessários para abrir uma empresa. “É preciso acreditar em si próprio, mas também é essencial se preparar para empreender”, complementa a gerente de pesquisa.
Raio X das Universidades
Professores de 46 universidades brasileiras responderam a um questionário que apontou que o empreendedorismo está em evidência nas instituições de ensino superior: 76,1% das universidades analisadas oferecem alguma disciplina de empreendedorismo na graduação – porcentagem bem maior que a média mundial, que é de 24,8%.
No entanto, esses cursos são de iniciação ao empreendedorismo: 69,6% das universidades analisadas disseram oferecer cursos de “Introdução ao empreendedorismo” e 63,0% de “Criação de empresas”.
Para atrair um número cada vez maior de alunos, as instituições estão proporcionando atividades mais práticas aos alunos, 89,1% recebem palestrantes convidados a falar sobre empreendedorismo – a média mundial é de 71,4% – e 43,5% das Universidades promovem visitas e/ou excursões focadas em empreendedorismo e pequenos negócios.
Para Amisha Miller, é preciso aprofundar e disseminar o ensino do empreendedorismo no Brasil. “Os cursos de educação empreendedora ainda são muito superficiais e concentrados nos cursos mais próximos ao tema, como administração”, destaca.
Ainda que a educação empreendedora nas universidades esteja avançando, apenas 39,7% dos estudantes afirmaram que já cursaram uma disciplina ligada a empreendedorismo. A confiança do aluno em empreender está ligada diretamente à participação de cursos de empreendedorismo durante o período da graduação.
Diferente do resto do mundo (71,1%), as Universidades do Brasil ainda não tem tradição de receber recursos externos, onde apenas 34,8% apresenta tal fonte de receita. Somente 4,3%, recebem investimento para contratação de professores doutores e pesquisadores, quando, no mundo, esse número é de 15,8%.
Sobre a pesquisa:
O estudo foi desenvolvido pela Endeavor e entrevistou professores de 46 universidades brasileiras e 6215 estudantes universitários.
Os professores responderam a um questionário e as respostas referentes às universidades foram comparadas com os resultados preliminares do The Entrepreneurship Education Project .
Estudantes universitários brasileiros, de todas as regiões do país, responderam perguntas referentes à sua exposição ao empreendedorismo, suas aspirações, confiança em suas capacidades e resultados que esperam ao abrir uma empresa.
Os dados fazem parte do The Entrepreneurship Education Project: Enhancing entrepreneurial self-efficacy and identity in the classroom , cujos responsáveis e diretores são o Professor Doan Winkel, Illinois State University, e o Professor Jeff Vanevenhoven, University of Winsconsin. Mais de 80 universidades espalhadas por 40 países participam do projeto.
Histórico
Com sede em Nova Iorque, a Endeavor Initiative Inc. foi criada em 1997 por um grupo de ex-alunos da Universidade de Harvard que, tendo trabalhado em mercados emergentes, identificou a inexistência de uma cultura de incentivo ao desenvolvimento de novos negócios e de programas que efetivamente apoiassem empreendedores. O instituto baseia-se na crença de que a mentalidade empreendedora que tanto beneficiou países desenvolvidos deve ser replicada com sucesso em países em desenvolvimento. Por isso, seus fundadores deram início à operação na Argentina e Chile no mesmo ano de sua fundação, em outubro de 1997. Atualmente, a Endeavor opera por meio de parcerias em 17 países e cada unidade possui administração independente, sendo mantida por empresários e parceiros locais.