Segundo Distrito e Beacon, 75% dos gestores apresentam visão cautelosa sobre cenário que aponta o fim da crise do Venture Capital

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Para empreendedores, o fim da crise no ecossistema apresenta dualidade. Enquanto 56,26% não acreditam no fim, outros 45,24% têm um ponto de vista otimista

Com os desafios marcados nos últimos anos pela elevação das taxas de juros globais e a reavaliação de startups sem modelos de negócios comprovados, muitas empresas ingressaram no mercado de Venture Capital. Esse cenário influenciou na queda significativa de 51,4% nos investimentos nos primeiros seis meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

No relatório intitulado “What´s Next for Innovators” realizado pelo Distrito, principal plataforma de tecnologias emergentes da América Latina em parceria com a Beacon Founders, fintech brasileira de private banking para fundadores tech, o ecossistema de venture capital apresentou uma reviravolta positiva no terceiro trimestre de 2023, totalizando US$ 883 milhões nos investimentos em startups na América Latina, um aumento de 22% em relação ao segundo trimestre. No Brasil, os investimentos somaram US$596,7 milhões, registrando um aumento de 18%. 

Apesar dos números indicarem uma perspectiva otimista, o mercado permanece em cautela devido às incertezas econômicas e oscilações financeiras a nível global. “Identificamos que 75% dos gestores que possuem mais de três fundos estão com uma visão pessimista, enquanto os que possuem menos de três fundos se encontram mais positivos. Entre os gestores, 66,7% com até dois fundos acreditam no fim da crise no venture capital”, conta Eduardo Fuentes, Head de Research do Distrito. 

Diante das complexidades enfrentadas pelas startups e o reconhecimento dos investidores com as adversidades econômicas e sócio geográficas, a grande maioria pensa em uma retomada das atividades do setor nos níveis anteriores à crise em um espaço de tempo acima de 18 meses, representando 60% dos gestores.

Diante desse momento de crise, 32,8 % das companhias tiveram que optar por um ajuste no quadro de colaboradores, enquanto 36,8% reduziram os investimentos em marketing.

“A estrutura de custos do capital a nível global pode indicar que não há retomada com as taxas de juros elevadas, mesmo com boas oportunidades no early-stage e ajustes no late stage. Por outro lado, aqueles menos experientes têm apostado que o dry-powder do ecossistema e o potencial de novas tecnologias levarão à retomada com bases sólidas”, destaca Fuentes.  

Além disso, os dados do relatório apontam que 56,26% dos empreendedores acreditam que a crise ainda não terminou, enquanto 45,24% dos investidores mantêm o ponto de vista que a crise chegou ao fim. Os gestores de fundos de investimentos, por sua vez, enfatizam um momento de ajuste e rebalanceamento, sendo 35,7% entre aqueles que tiveram operações negativamente afetadas pela crise, enquanto 11,1% tiveram resultados positivos, aproveitando oportunidades como a compra de ativos a preços descontados.

“Apesar dos desafios persistentes, a perspectiva sobre o encerramento da crise de VC apresenta um ponto de vista otimista em função da adoção de tecnologias na América Latina, aliadas ao potencial de novas ferramentas e os ajustes para uma retomada mais equilibrada e sustentável”, finaliza Fuentes.