A EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, lança a 12ª edição do Global Bank Risk Survey, estudo realizado globalmente para identificar as prioridades dos CROs e conselhos de administração do setor bancário. Uma das novidades da edição deste ano é a implementação de um comparativo do cenário do Brasil em relação aos dados globais. Foram entrevistados mais de 80 instituições financeiras em 30 países. Já aqui, a amostra conta com quatro IFs, sendo dois dos seis maiores bancos do Brasil, com ativos totais equivalentes a 22% do PIB Brasileiro (incluindo Banco Comercial, Banco de Investimento e Cooperativas).
As quatro principais preocupações dos CROs são as mesmas tanto globalmente, quanto nacionalmente, mudando a ordem de prioridade. No Brasil, os TOP 4 são: Mudanças regulatórias, ESG, Risco de crédito e Cibersegurança, já em âmbito global a ordem é Cibersegurança, Risco de crédito, ESG e Questões regulatórias. “Temos várias transformações regulatórias com demandas competindo entre si, de elevada complexidade e com muito pouco tempo para serem endereçadas. Todo sistema contábil será alterado, o cálculo de provisão para devedores duvidosos terá modificações profundas, temos as resoluções associadas a ESG e risco climático e a agenda de Basiléia IV. É natural que no Brasil as questões regulatórias estejam no topo, temos muitas mudanças para acontecer em curto espaço de tempo”, observa Rui Cabral, sócio-Líder de Risco e Finanças para o Setor Financeiro na EY..
Sobre o fato de estarmos alinhados globalmente nos TOP 4, Cabral encara como positivo. “O Brasil é visto como um bom aluno no que diz respeito às questões de risco e alinhamento com aspectos globais e termos as mesmas preocupações apontadas pelos CROs brasileiros e do mundo é mais um indicativo disso e que estamos no caminho certo para evoluir ainda mais nosso mercado”.
Outro ponto abordado pelo estudo são as preocupações dos conselhos de administração quanto à cibersegurança. Segundo o executivo, o tema é um dos mais amplos dentre os citados na pesquisa, “não podemos nos restringir apenas aos ataques sofridos pelas instituições financeiras. Vale considerar também os ataques a terceiros que são críticos para as operações e também ciberterrorismo”.
Com a evolução dos anos de pesquisa, houve uma mudança nas prioridades, com os riscos não-financeiros ganhando destaque sobre os financeiros. Em 2012, por exemplo, dos 10 principais riscos apontados pelos CROs, 6 eram financeiros. Em 2023, esse número caiu pela metade. Esta alteração ocorre devido ao um grande foco nos riscos financeiros após a crise de 2008 e uma consequente evolução dos riscos não financeiros.
“A liquidez também foi um ponto de destaque da edição deste ano, pois voltou a aparecer no ranking após um hiato de sete anos. Isso se reflete no Brasil e no mundo por conta, entre outras coisas, da subida da taxa de juros e um mercado de financiamento mais restrito”, explica Rui Cabral.
Riscos a longo prazo
Além das prioridades de CROs e conselhos de administração para os próximos doze meses, a pesquisa também aponta os riscos emergentes para os próximos cinco anos. Entre as principais questões apontadas pelos respondentes brasileiros estão: riscos climáticos, adoção de novas tecnologias, digitalização, adesão ao machine learning e inteligência artificial e privacidade de dados.