Por Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures, braço de inovação do Grupo Vellore
O surgimento de novas tecnologias afetou quase todos os setores da economia, desde a saúde, o transporte e o entretenimento, até o bancário. Mas um dos mais impactados, especialmente pela mudança drástica de consumo durante a pandemia, foi o varejo. Dos grandes conglomerados aos pequenos empreendedores, as ferramentas digitais permitiram uma série de possibilidades, como facilitar a emissão de notas fiscais, garantir o cross da jornada online e presencial e oferecer experiências mais engajadoras aos clientes por meio da gamificação.
Em um mundo pós-pandemia, em que se viu a necessidade massiva de transações eletrônicas, entendemos que esse comportamento pode mudar ainda mais bruscamente nos próximos anos. Aqueles que nunca haviam feito sequer uma compra online testaram e aprovaram o modelo, percebendo que há segurança e praticidade em apertar um botão e ir desde a escolha da cor do produto até o pagamento digital e recebimento no conforto de casa.
A necessidade de empresas planejarem como poderiam suprir as demandas do mercado ficou clara e, com ela, a tecnologia veio como grande aliada para manter o funcionamento de toda a cadeia de produção e atender melhor os clientes. Novas tendências surgiram, assim como novos hábitos, que vieram para ficar mesmo com o retorno à normalidade.
No segmento de varejo, o número de empresas que fazem comércio online cresceu de 54% para 70% em 2020 e, pela primeira vez, os supermercados formaram mais de 50% de integrantes na lista de negócios que mantinham um e-commerce, segundo dados do ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.
Essa revolução digital é fruto do crescimento das retailtechs, startups que nascem com o objetivo de trazer mais eficiência e produtividade aos varejistas, e toda a cadeia relacionada a esse mercado. Elas atuam em diversas categorias e, normalmente, usam dados para personalizar ofertas, ampliar a gestão, unificar os canais de venda e refinar processos com dados.
No Brasil, as retailtechs marcam presença cada vez mais expressiva no mercado. De acordo com a pesquisa Distrito Retailtech Report, divulgado pela Pequenas Empresas, Grandes Negócios em 2020, existiam mais de 600 startups de varejo no país na época. Em 2022, segundo as duas fontes (Distrito e PEGN), o setor foi o segundo que mais recebeu investimentos voltados a esse modelo de negócios, somando R$ 370 milhões, atrás apenas das fintechs.
Dentro de um universo repleto de interesse e oportunidades para startups de varejo, o ano de 2023 chega para consolidar o modelo de aplicação massiva da inovação. Os benefícios se comprovam em diversos âmbitos, principalmente no que se refere a inovação em estratégias de vendas presenciais, online, logística, inteligência de dados e visibilidade das operações.
Uma boa logística é outra chave primordial para o bom desenvolvimento de uma empresa. Nesse contexto, o uso da inteligência artificial melhora o rendimento de muitos mercados, principalmente o varejista. Assim, essas startups chegam para consolidar a automação em várias etapas do processo de venda, desde o controle de desempenho de entregas, a gestão de despacho, a roteirização e a coleta, até a entrega last mile e chatbots de atendimento pós-venda.
Porém, além da aplicação prática, para usufruir o melhor dessas ofertas, é preciso abraçar o conceito que permeia todo esse trabalho: a valorização da criatividade e inovação. Mais do que uma ferramenta, a mentalidade inovadora revoluciona o desempenho e os impactos de uma organização.