Por José Luiz Camarero Neto, sócio e diretor executivo da Bild Desenvolvimento Imobiliário
Sabemos que empresas que têm a responsabilidade social como um dos seus pilares se destacam no mercado. O que antes parecia uma tendência momentânea, hoje vai muito além do ser politicamente correto, as corporações que buscam contribuir para a construção de uma sociedade mais justa engajam e educam seus funcionários, parceiros e clientes, buscando impactar o maior número de pessoas a fim de fortalecer o ecossistema.
Segundo o relatório trimestral Workmonitor, divulgado pela Randstad, empresa holandesa especializada em soluções de trabalho flexível e recursos humanos, 81% dos brasileiros acham importante trabalhar em uma empresa que tenha um sólido programa de responsabilidade social. Ou seja, a preocupação social das empresas precisa começar de dentro para fora, com a educação e engajamento dos seus colaboradores, como voluntários e agentes de transformação, envolvendo as diversas áreas e setores.
Outro dado interessante dessa mesma pesquisa, mostra que apenas 21% dos entrevistados disseram que as empresas os liberam em horário comercial para fazer algum tipo de trabalho voluntário. A pesquisa ressalta que o voluntariado faz com que as pessoas se conheçam mais, tenham mudanças de comportamento positivas e produzam mais no trabalho. É preciso mostrar que as ações de responsabilidade social não visam apenas lucros e holofotes, mas a somatória de atos voluntários direcionam as atividades para o bem-estar social e conduzem os negócios visando o interesse coletivo.
Uma empresa socialmente responsável está diretamente envolvida em ações sociais e não em assistencialismo, trata-se de total comprometimento da instituição com sua função social. A organização se responsabiliza pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, sempre adotando um comportamento ético, agindo com transparência e levando em consideração as expectativas de seus stakeholders.
Ainda tomando como base a pesquisa, a boa notícia é que 60% dos entrevistados trabalham em uma empresa que apoia, pelo menos, uma causa ou iniciativa de caridade. Esta porcentagem está acima da média mundial, que é de 53%, mas não está no ideal e ainda há muito o que fazer quando pensamos nos gargalos que existem na sociedade. Ações voltadas às áreas de saúde, assistência social, cultura, fomento à educação e à moradia, dentre outros, são exemplos de responsabilidade social. Estas podem ser voltadas tanto para o público interno, quanto para o externo, bem como para a comunidade na qual a empresa está inserida. A conexão positiva acontece quando todas as partes envolvidas estão conectadas, pelo propósito maior de transformação social.
É importante ter os objetivos e metas de responsabilidade social bem definidos e ter os negócios geridos em conformidade com leis, normas, diretrizes e os processos precisam ser estruturados de forma integrada com todos os grupos de interesses. Ou seja, não se trata de meras atitudes para prevenir sanções e reduzir impostos e atender à legislação. Na verdade, os ganhos da empresa socialmente responsável são inestimáveis e alcançados a longo prazo.
Trazendo para o âmbito das construtoras, é necessário projetos que além do ecologicamente correto e economicamente viáveis, sejam socialmente justos e culturalmente aceitos. Ações que visam à melhoria da qualidade de vida, do bem-estar e da saúde, fortalecem o papel social e o compromisso com o respeito às comunidades locais. As atividades vão desde campanhas de erradicação do analfabetismo nos canteiros de obras e para familiares de colaboradores, a arrecadação de donativos para entidades carentes do local, campanhas de prevenção à proliferação do mosquito da dengue e outras doenças, atividades de recreação para as crianças, com distribuição de kits escolares e de higiene e melhoria na estrutura de instituições, são exemplos de atividades que contribuem e surtem efeitos bastante positivos entre os participantes.
Um ponto interessante para ser trabalhado é questionar o impacto que sua empresa gera na vida das pessoas e na comunidade a nível local e global. Outra questão é saber se as políticas ambientais adotadas estão compatíveis com a realidade do negócio e do mercado. Atitudes nobres e transparentes trazem benefícios para todos.
Divulgar as ações estimula pessoas e instituições a tomarem atitudes sociais autênticas em prol do ecossistema. 78% dos entrevistados daquela pesquisa que mencionei anteriormente, afirmaram que ao se candidatarem a uma vaga de emprego, pesquisam a atuação da empresa na área de responsabilidade social, isso mostra que as pessoas têm buscado cada vez mais oportunidades alinhadas a um bem comum.
Outra questão que vale levantar é o pilar de ESG – Environmental, Social and Governance, que significa Ambiental, Social e Governança. Segundo um estudo realizado pelo The Boston Consulting Group (BCG), as companhias que têm boas práticas nesses campos apresentam resultados melhores ao longo do tempo, atraindo negócios e investidores. ESG não é luxo, é questão de sobrevivência e competitividade, por isso, é tão importante que as empresas coloquem ESG em sua agenda prioritária de forma responsável.
As empresas que possuem ESG entre os seus pilares precisam atender à risca as práticas de cada uma das siglas. A partir do momento que se comunica a adoção desse pilar o mundo passa a cobrar a tangibilidade dessas práticas
Environmental (Ambiental): Significa reduzir o impacto ambiental e se preocupar com questões como aquecimento global e emissão de carbono; eficiência energética; gestão de resíduos; poluição e recursos naturais.
Social (Social): Além de atender a inclusão e diversidade; direitos humanos; engajamento dos funcionários; privacidade e proteção de dados; políticas e relações de trabalho, as empresas precisam assumir relações com comunidades e treinamento da força de trabalho.
Governance (Governança): Aqui procura-se entender como a companhia adota as melhores práticas de gestão corporativa. Diversidade no conselho; ética e transparência; estrutura dos comitês de auditoria e fiscal; e política de remuneração da alta administração e canal de denúncias fazem parte das práticas de governanças.
Ou seja, a responsabilidade social é tema amplo de alta relevância, que deve estar inserido no planejamento de toda e qualquer empresa moderna que queira ser perene, responsável socialmente e consequentemente lucrativa.