Propostas de mudanças no mercado de EPIs aumentam as expectativas sobre a FISP

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A importância dos equipamentos de proteção individual (EPIs) nunca esteve tão clara quanto neste momento de combate à pandemia. A falta de certos itens, de produção nacional escassa, tende a intensificar as discussões sobre mudanças no setor – algumas em curso mesmo antes da eclosão do novo coronavírus. Esse pano de fundo aumenta as expectativas em torno da 23ª edição da FISP – Feira Internacional de Segurança e Proteção, a ocorrer entre os dias 20 e 22 de outubro no São Paulo Expo.

Promovida pela Cipa Fiera Milano, a FISP é a principal feira do gênero na América Latina e a segunda maior do mundo, atrás apenas da alemã A+A. Conta com realização da Animaseg (Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção no Trabalho), da Abraseg (Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Equipamentos e Produtos de Segurança e Proteção ao Trabalho) e do Sindiseg (Sindicato da Indústria de Material de Segurança), acontecendo simultaneamente à 14ª Fire Show – International Fire Fair. Juntas, as feiras devem atrair um público de mais de 50 mil visitantes e 700 empresas expositoras.

“Como muitos sabem, diversos EPIs que estão em falta na área hospitalar são importados. Eles poderiam estar sendo fabricados aqui se houvesse, há anos, uma política de apoio à produção nacional”, observa Raul Casanova Junior, Diretor Executivo da Animaseg e da Abraseg. Das quase 1,3 mil empresas que compõem a nata do setor, apenas 5% trabalham com equipamentos de proteção respiratória. Outros 5% fornecem luvas hospitalares. “O setor está disposto a ouvir, propor e agir para o alinhamento de mudanças estratégicas”, afirma o porta-voz.

Novo registro de informações 

A abertura ao debate tem pautado a conduta da indústria de saúde e segurança do trabalhador no tocante à Medida Provisória 905, instituída em novembro de 2019. Entre outras ações, a MP visa instituir um novo modelo de certificação para os EPIs, em substituição ao Certificado de Aprovação (CA) – instrumento utilizado há mais de 40 anos no Brasil.

A AnimasegpoexemplocrioRA, registro voluntário para centralizar informações do EPI como laudos, certificados, indicações de uso, restrições e validade atestados por laboratórios ou Organismos de Certificação de Produto (OCPs). “O RA fornece dados e garantias a mais do que o CA, assegurando ao consumidor que o produto adquirido seja idêntico ao ensaiado”, afirma Casanova Junior.

A conversão da MP 905 em Lei segue em curso. O texto foi aprovado pelo Congresso em 14 de abril e agora depende do aval do Senado. O prazo para o término de todo o processo é 20 de abril. “A tendência é de aprovação. Por isso, estamos atentos e também mantendo o governo a par das nossas iniciativas”, diz o executivo da Animaseg e da Abraseg.

Os organizadores e realizadores da FISP confiam em medidas para aprimorar a proteção laboral no Brasil. De acordo com o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, de 2012 a 2018 o país registrou 4,7 milhões de acidentes de trabalho, ou um a cada 49 segundos. No mesmo período houve 17,2 mil mortes em razão de incidentes ou doenças ligados ao ofício (um falecimento a cada 3 horas e 40 minutos).

Assim como muitas indústrias, a de equipamentos de proteção individual (EPIs) vinha se recuperando após um recuo no conturbado biênio 2015-2016. A Animaseg pretende divulgar o balanço de 2019 durante a 23ª FISP, mas antecipa que o ano passado manteve a tendência de retomada. Em 2018, as associadas da entidade, que representam 85% do mercado nacional, movimentaram R$ 4,36 bilhões, com destaques para os segmentos de vestimentas e luvas de segurança.

“A FISP vai novamente apresentar o que existe de mais moderno e inovador em trajes especiais, proteção da face, luvas, calçados e cintas, entre outros itens de segurança”, afirma Rimantas Sipas, Diretor Comercial da Cipa Fiera Milano. “E, como em edições anteriores, o evento também promoverá a capacitação de quem atua no setor. No Techshow, por exemplo, o público poderá participar de palestras gratuitas dos expositores, atualizando-se quanto a informações e tecnologias”.

Sipas pontua que, apesar de consolidada como o maior encontro de profissionais do setor de saúde e segurança do trabalho (engenheiros, médicos do trabalho, inspetores de risco, técnicos, cipeiros e bombeiros), a FISP também representa uma oportunidade importante para empresários e compradores em geral. “Números apontam que mais de 98% das empresas brasileiras são pequenas e não contam com alguém dedicado à prevenção. Conhecer o assunto é importante para todos”.