O interesse pelo e-Residency, programa que fornece acesso ao ambiente de negócios transparente da Estônia a partir de uma identidade digital, aumentou e ultrapassou os níveis pré-pandêmicos
Maneiras de gerenciar negócios remotamente e de forma totalmente independente de um local estão sendo cada vez mais procuradas por empreendedores, fazendo com que a tendência de nômades digitais cresça e se torne ainda mais parte da sociedade. Em entrevista para a CNN, André Miceli, coordenador acadêmico da FGV, explica que a adesão do trabalho remoto (ou home office) está propensa a crescer 30% no pós-pandemia e é um caminho sem volta, de acordo com estudo conduzido por ele.
O e-Residency, programa do Governo da Estônia que garante uma identidade digital e proporciona status para que as pessoas tenham acesso ao ambiente de negócios transparente do país, tem ganhado destaque na visão de novos empreendedores já que possibilita a abertura de empresas com base na União Europeia e ainda sem ter a necessidade de estar fisicamente na Estônia, gerenciando todo o negócio 100% online. O Brasil, especificamente, está no top 30 países que mais apresentam aplicações para o e-Residency. Em maio deste ano o Brasil se encontrava em 30º entre os mais de 170 nacionalidades que mais aplicam para o programa estoniano e, em pouco mais de 6 meses, já subiu duas posições no ranking. Além disso, o e-Residency conta com pontos de retirada do cartão ID de e-Resident em 52 países e dentre eles está o Brasil, com um pickup point inaugurado em São Paulo em maio deste ano, o único em toda a América do Sul.
Hoje, abraçar a revolução digital – acelerada pela pandemia do covid-19 – é essencial para qualquer negócio. Segundo últimos dados disponibilizados pelo e-Residency, 43% das pessoas que aplicam para o programa tem justamente o interesse em fazer negócios internacionais sem precisarem estar estabelecidos em locais específicos, ou seja, se tornarem nômades digitais. Além disso, o programa proporciona um gerenciamento menos burocrático das empresas, já que tudo pode ser feito online e em ambiente totalmente seguro e transparente, protegido por uma tecnologia blockchain.
Durante o primeiro semestre de 2021, o Estado da Estônia arrecadou 12,9 milhões de euros em receitas fiscais de empresas criadas por e-Residents. Isso marca o maior resultado da história do programa, com um aumento de 60% em relação ao mesmo período em 2020. Hoje, o número de solicitações para o e-Residency e de empresas criadas ultrapassou os níveis pré-pandêmicos. Nos primeiros seis meses, os e-Residents registraram mais de 2.200 empresas na Estônia, representando quase 20% de todas as empresas.
Andres Sutt, Ministro do Empreendedorismo e Tecnologia da Informação da Estônia, expõe que o programa e-Residency permitiu que pessoas de todo o mundo continuassem a fazer negócios em um momento em que nosso modo de vida normal estava prejudicado. “A pandemia global de Covid-19 demonstrou claramente que a confiabilidade digital oferece uma vantagem competitiva crucial. As perturbações devido às crises globais de saúde tornaram a Estônia um ponto focal atraente para a comunidade empresarial internacional, principalmente devido às soluções inovadoras que oferecemos, com nosso programa e-Residency como principal exemplo”, explica Sutt.
Ian Ayad, desenvolvedor de softwares de São Paulo, tornou-se um e-Resident para co-criar a MansionTech, uma empresa de consultoria de marketing digital com seu parceiro de negócios na Áustria. “Estávamos em busca de opções para estabelecer uma empresa que pudesse operar globalmente e ser administrada remotamente. A e-Residency da Estônia se destacou devido aos seus numerosos serviços eletrônicos, mantendo todos os processos, como transações bancárias e declaração de impostos, simples e seguros. Foi eficiente em termos de custos e tudo foi configurado sem burocracia desnecessária, nos permitindo colocar o nosso negócio em funcionamento em poucos dias. É um programa que pode oferecer inúmeras oportunidades para pessoas que desejam expandir seus negócios ou oferecer seus serviços globalmente”, afirma Ayad.