Previsão de otimismo empresarial no Brasil cai para 2025, aponta relatório

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O otimismo dos empresários brasileiros em relação ao futuro da economia e dos negócios para os próximos 12 meses, caiu 6 pontos percentuais (p.p) no último trimestre de 2024, passando de 80% para 74%, de acordo com o International Business Report (IBR). A pesquisa, realizada pela Grant Thornton envolvendo 4 mil lideranças de diversas indústrias em 31 países, aponta que os principais desafios enfrentados pelos empresários incluem, principalmente, a burocracia, a escassez de profissionais qualificados e a instabilidade econômica.
 

Além destes fatores, a preocupação do empresariado brasileiro com a baixa disponibilidade de financiamento com taxas de juros menores às praticadas atualmente cresceu para os próximos meses, de 30% no terceiro trimestre de 2024, para 33%, ao contrário da América do Sul que subiu de 32% para 37% e, globalmente, aumentando de 41% para 43%. Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, destaca as perspectivas de incertezas quanto ao aumento da dívida pública brasileira, reforma tributária, juros altos e expectativas do aumento da inflação como motivos de apreensão econômica para este panorama no país. “A alta nos juros retrai o consumo e os financiamentos, aumentando a incerteza quanto a investimentos e crescimento dos negócios dos empresários em relação ao futuro. A inflação, por sua vez, contribui para um cenário econômico instável, dificultando o planejamento e a tomada de decisões”, comenta.

A pesquisa também identificou que o empresariado brasileiro tem a intenção de aumentar o preço de venda dos produtos, alcançando 67%, o maior patamar desde o início da série deste indicador, em 2011 – configurando um aumento de 1% em relação ao trimestre passado. Nesse contexto, a América do Sul também apresentou crescimento, atingindo 63% – um aumento de 2% em comparação com o período anterior. Já a média global registrou queda de 1 p.p, indicando 53%.
 

“O ano de 2024 foi marcado por uma significativa depreciação do real em relação ao dólar, evidenciando as pressões cambiais enfrentadas pela economia brasileira. Essa desvalorização, impulsionada por fatores internos e externos, influenciou para uma maior expectativa no aumento da inflação, já que importar produtos se torna caro, impactando negativamente o poder de compra da população e dificultando o planejamento das empresas e dos consumidores”, complementa Maranhão.

O Brasil vive uma crescente no endividamento público, parte em decorrência do aumento nas taxas de juros, que também pode ser interpretado como um fator decisivo para a diminuição do otimismo empresarial. De acordo com o relatório publicado em outubro de 2024 pela Instituição Fiscal Independente (IFI), a relação entre a Dívida Bruta do Governo Geral e o PIB tem viés de alta e pode alcançar 82,2% em 2025 e 84,1% em 2026. Em agosto de 2024, a dívida pública atingiu 78,5% do PIB.

“Com o desafio fiscal que o governo tem pela frente, permeado pelo aumento da dívida pública, os cortes de gastos e a possibilidade de aumentos de impostos no futuro diminuem o otimismo para uma trajetória de crescimento. Do ponto de vista global, a economia ainda tem no radar os impactos dos conflitos geopolíticos, que segundo nosso estudo, ainda preocupam 30% dos empresários brasileiros “, analisa Maranhão.
 

Enquanto a desvalorização do real gerou incertezas para a economia interna, por outro lado, os exportadores aumentaram seus ganhos com as receitas obtidas em dólar. O indicador de exportações, que aumentou nos últimos três meses, de 60% para 66%, confirmou essa tendência. Em uma crescente desde o início de 2024, a média ficou acima dos índices Global e da América do Sul, 55% e 52%, respectivamente.

Diante desse cenário, o empresariado brasileiro vem buscando equilibrar pressões econômicas internas e externas, e tentando encontrar soluções que possam mitigar esses desafios. “O caminho para superar esses obstáculos exige planejamento e cumprimento dos orçamentos de forma criteriosa, geração e preservação do caixa. Além disso, alguns empresários têm buscado a inovação para maior eficiência operacional e redução de custos; porém cabe ressaltar que a mão de obra qualificada continua, e continuará, sendo um dos desafios para o crescimento sustentável a longo prazo”, conclui o executivo.