Pesquisa revela que 43% das organizações já utilizam IA para turbinar análise de dados

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Relatório também aponta que apenas 10% dos colaboradores têm acesso a ferramentas de análise com IA, mas 24,3% das empresas planejam triplicar esse número no prazo de um ano

A inteligência artificial (IA) está transformando rapidamente a forma como organizações utilizam dados. A adoção da análise de informações apoiada por IA está deixando de ser algo ainda embrionário, confinado a projetos pilotos isolados, isso porque muitas organizações estão implementando essas ferramentas para tomar decisões, reduzir custos e melhorar eficiência operacional. 

Essa transição é evidenciada por uma pesquisa global, encomendada pela empresa Strategy (anteriormente MicroStrategy) e conduzida pela consultoria Dúnedain Research. O estudo destaca que quase 43% das organizações já operam analytics com IA e um terço delas está escalando essas ferramentas para múltiplos departamentos. O levantamento ouviu líderes e profissionais de dados em 38 países – incluindo o Brasil.

Uma das descobertas mais significativas da pesquisa é a ambição das organizações de expandir drasticamente o acesso a ferramentas de analytics. 

Atualmente, a maioria das empresas mantém menos de 10% de seus colaboradores com acesso a ferramentas avançadas de visualização de dados ou publicação de dashboards. No entanto, 24,3% dos respondentes afirmam que planejam oferecer acesso às análises de dados com IA para pelo menos 30% da força de trabalho nos próximos 12 meses — três vezes a média atual de adoção.

As organizações pesquisadas apontaram como as principais motivações para adotar analytics com IA a melhoria na tomada de decisões (56,2%), o aumento da eficiência operacional (55,7%) e a redução de custos (50,2%). Ganhar vantagem competitiva também figura entre as prioridades, mencionada por 42,6% dos respondentes.

Quando questionadas sobre os objetivos para os próximos 12 a 18 meses, a economia de custos lidera as prioridades (46,4%), seguida por vantagem competitiva (41,7%) e melhoria na tomada de decisões em todos os níveis organizacionais (37,0%).

Para os próximos três anos, as organizações planejam priorizar investimentos em três áreas principais: ferramentas de analytics com IA (60,9%), dashboards e capacidades de autosserviço (51,5%) e governança de dados com camadas semânticas (38,3%). Adicionalmente, 70% das organizações estão avaliando ou já implementando assistentes virtuais de IA ou bots como parte de suas estratégias de dados.

De acordo com Luis Lombardi, vice-presidente e country manager da MicroStrategy na América Latina, essas prioridades refletem um movimento mais amplo em direção a tornar a análise de dados mais acessível, automatizada e confiável em toda a organização. 

“As empresas mais visionárias estão evoluindo da Inteligência Tipo 1 (insights departamentais) para a Inteligência Tipo 2 (inteligência empresarial conectada) e, eventualmente, para a Inteligência Tipo 3 (inteligência autônoma), onde a IA não apenas aumenta as decisões humanas, mas toma iniciativa proativamente”, destaca, Luis Lombardi, vice-presidente e country manager da MicroStrategy na América Latina.

Essa transformação está sendo impulsionada, principalmente, pelo uso da IA conversacional, que permite aos usuários fazer perguntas sobre dados em forma de linguagem humana, eliminando a necessidade de conhecimento técnico avançado para lidar com ferramentas de análise de dados.

Resultados de quem já usa IA com Analytics

Entre as organizações que já implementaram analytics com IA, 61,7% dos respondentes relatam impacto positivo moderado ou significativo nos resultados de negócio. Os benefícios mais citados incluem aumento da produtividade dos colaboradores (53,6%), redução de custos (48,9%), decisões mais rápidas e inovação (48,1%), melhoria na satisfação do cliente (46,8%) e conquista de vantagem competitiva (42,6%).

Os departamentos que apresentam maior impacto de negócios com a adoção dessas ferramentas são ciência de dados (46%), tecnologia da informação (45,5%), atendimento ao cliente (45,1%) e finanças e operações (41,7%). Outras áreas como vendas, marketing, recursos humanos, governança, risco e compliance também relatam benefícios significativos.

Desafios: conformidade e custos no topo das preocupações

Apesar do avanço acelerado, obstáculos significativos permanecem. A conformidade regulatória emergiu como o principal desafio para adoção empresarial, fator citado por 52% dos respondentes. As preocupações incluem vieses nos modelos de IA, requisitos de privacidade de dados e obrigações específicas por setor.

Questões relacionadas a custos aparecem em segundo lugar (49%), incluindo alto custo total de propriedade e retorno sobre investimento pouco claro. Já os desafios de integração com ferramentas e sistemas existentes foram mencionados por 41,5% dos participantes.

Do ponto de vista técnico, o obstáculo mais citado é a geração de respostas imprecisas ou inconsistentes pelas ferramentas de IA — as chamadas “alucinações” —, algo mencionado por 43,4% dos respondentes. Essas falhas minam a confiança dos usuários e frequentemente exigem revisões demoradas de garantia de qualidade.

Contudo, a confiança na precisão e confiabilidade do analytics com IA está crescendo. Cerca de 30,2% dos respondentes afirmaram sentir-se muito confiantes ou extremamente confiantes, enquanto 35,7% declararam-se confiantes. Por outro lado, 5,5% expressaram total falta de confiança nessas ferramentas.

Usabilidade: o elo perdido para adoção em escala

Apesar do crescente investimento em analytics com IA, menos de 10% dos colaboradores na maioria das organizações atualmente utilizam ferramentas mais sofisticadas que planilhas eletrônicas. O relatório argumenta que a verdadeira adoção depende de algo mais simples: usabilidade.

“Para que o analytics com IA escale de forma significativa, os sistemas precisam guiar usuários intuitivamente pelos fluxos de trabalho principais, fornecer feedback contextual em tempo real e eliminar atritos para usuários casuais ou iniciantes. As organizações que conseguirem tornar isso acessível — e não apenas disponível — serão aquelas que desbloquearão seu valor comercial completo em escala”, conclui Lombardi.

O relatório State of AI+BI Analytics Global 2025, da Dúnedain Research, foi produzido no primeiro semestre de 2025, ouvindo 235 líderes e profissionais de dados, analytics e business intelligence em 38 países, abrangendo organizações de diversos portes, desde empresas com menos de 500 funcionários até grandes corporações com mais de 20.000 colaboradores.