Dados da consultoria de inovação ACE Cortex destacam que parcerias visam trazer solução para os negócios junto aos clientes e aumentar o portfólio das companhias
Com o objetivo de realizar uma fotografia do panorama atual da inovação no Brasil, considerando as tendências observadas no mercado nacional como em corporate venture capital e M&As, a consultoria de inovação ACE Cortex lança nesta semana o relatório que destaca as principais ações de empresas com uma receita anual entre 5 milhões e R$ 500 milhões.
Os dados apontam que das empresas que estão trabalhando em inovação corporativa, seis em cada 10 dos executivos ouvidos pela ACE Cortex (60,15%) afirmaram que suas empresas trabalham com parceiros para inovação. Destes, 79,69% das respostas possuem algum tipo de interação com startups, sendo a maioria dos casos, startups aparecem como fornecedoras ou como impulsionadoras em projetos de inovação.
A pesquisa, que entrevistou mais de 120 profissionais de média e alta liderança, representada pelos cargos de C-Level, Diretor, Gerentes e Coordenadores de grandes empresas, ainda destaca que os motivos dessas interações entre corporações e startups se motivam por “trazer soluções rápidas para o negócios junto aos clientes” (62,6%), além de “trazer novas linhas de receitas” (43,9%). Esses motivos representavam 48,6% e 28% respectivamente em 2021, um aumento de cerca de 30% somados.
54,9% dos respondentes afirmaram possuir um departamento interno responsável por encontrar startups para firmar parcerias. Cerca de 24% das companhias dizem recorrer a consultorias. Sobre como essas empresas trabalham com as startups: 51,2% utilizam budget da área de inovação, 48,8% frente de investimento da empresa e 28,5% operam com o próprio fundo.
Resultados
Analisando os resultados, o número de empresas que fizeram programas com startups o consideram satisfatório. 57% dos executivos afirmaram que os programas desenvolvidos com as startups tiveram resultados excelentes ou satisfatórios, tendo objetivos estratégicos sendo alcançados. Apenas 11% afirmaram que não houve sinergia no projeto desenvolvido em conjunto.
M&As
Os Merges and Acquisitions, mais conhecidos como M&As, que são operações de fusões e aquisições entre empresas, têm crescido e se tornaram uma das alternativas encontradas pelas empresas para incluir startups em suas estratégias de negócios. Porém, apesar de mais da metade das empresas ouvidas pela ACE Cortex (57,89%) terem afirmado que realizaram ao menos uma aquisição em 2022, e 31,58% terem realizado de duas a cinco operações de M&A, e 2,63% fizeram mais de 10 aquisições, apenas cerca de uma em cada cinco corporações (22,65%) realizaram aquisição de startups por acordos de M&As, o que indica que há interesse, porém o mercado corporativo ainda está em fase de amadurecimento no que diz respeito em investimento.
“Trazer novas linhas de receitas” para 44,7% dos respondentes também é um dos motivos da aquisição de startups, seguido por “aumento no portfólio” (42,1%), “ganho de market share” (5,3%) e “aquisição de talentos” (2,6%).
Entre as empresas que pensam em fazer um M&A, metade tem interesse em startups que faturam entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões por ano. Os três tipos de tese que despertam maior interesse dos respondentes para compra são B2C (39,47%), Gestão (34,21%) e Vendas (34,21%), sendo que a maior parte dos deals tem valor médio de até R$ 10 milhões (47,37%).
As métricas que as corporações mais levam em conta no momento de fazer um M&A são: ROI (Return Over Investment), 42,1%, LTV (Lifetime Value), 29%, CAC (Custo de Aquisição de Clientes), 13%, e MRR (Monthly Recurring Revenue) para 7,9% das respostas.
“Cerca de 80% dos executivos afirmaram que pretendem fazer ao menos um investimento em startups ainda no primeiro semestre deste. Esse indicativo mostra como o corporate venture capital e o M&A tem se consolidado no mercado nacional e se tornará, em breve, o carro chefe da inovação nas grandes empresas”, diz Luís Gustavo Lima, sócio e CEO da ACE Cortex.
Governança corporativa e os impactos na inovação
E outra frente, os profissionais da alta liderança, como C-levels e Gerentes, são os que estão mais envolvidos com as temáticas de inovação nas organizações, atuando como pontos de referência das iniciativas e projetos de suas empresas. Apesar disso, a pesquisa realizada pela consultoria de inovação ACE Cortex mostra que justamente a “falta de governança” é o principal entrave para a inovação segundo 43,8% dos respondentes, seguido por “tempo de execução” (42,2%) e “métricas bem definidas” (38,3%).
Ainda sobre a capacitação da liderança, apenas um em cada três respondentes (31,25%) acredita que a liderança está “preparada” ou “muito preparada” para conduzir a empresa a um futuro mais inovador. A maioria (64,06%) dos respondentes avalia que os líderes não estão nem preparados, nem despreparados, mostrando que na maior parte das empresas a cultura, apesar de falada, ainda não é efetivamente executada.
Apesar da falta de governança estar entre os mais indicados pela pesquisa como entrave para a consolidação de projetos nas companhias, cerca de 31,25% dos respondentes afirmam que os gestores tratam iniciativas com foco em novos produtos, serviços e modelos de negócio como prioridade. Ou seja, há uma intenção em criar projetos de inovação nas companhias, porém isso se esbarra na falta de capacitação dos profissionais.
Esse cenário reflete outro dado alarmante. Entre os motivos citados como entraves para a inovação, “equipe despreparada” foi citada por 36,7% dos profissionais. Isso se colide com a realidade onde apenas 3,9% dos colaboradores entrevistados afirmam que suas empresas incentivam os treinamentos para funcionários de todos os níveis, com trilhas de desenvolvimento claras e específicas.