Nossas vidas cada vez mais conectadas em tempo real e sob demanda exigem acesso confiável ao conteúdo e às informações hospedadas em data centers. O número cada vez maior de usuários de telefonia móvel na América Latina, a adoção rápida de tecnologias baseadas em nuvem, os aplicativos famintos por largura de banda e o streaming de vídeo afetam significativamente a infraestrutura de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) e, não é de se surpreender, também no acréscimo de novos data centers. Na região, dependendo da fonte, o número de novos data centers deverá crescer entre 10% e 16% ao longo dos próximos cinco anos.
Naturalmente, muitos desses data centers estarão agrupados em “clusters” em áreas metropolitanas, impulsionando a exigência de interconexões e serviços ópticos de alta capacidade. No entanto, dada a importância dos locais de backup e o fato de que a infraestrutura possa ser irregular de uma área para outra, outros podem ser construídos, como precaução, em locais menos óbvios.
É com certeza um fenômeno global. Na verdade, prevê-se que o mercado global de interconexão de data centers (DCI, na sigla em inglês) cresça em um CAGR (taxa composta de crescimento anual) de 10,5% ao longo dos próximos cinco anos, de acordo com o relatório “Oportunidades de Interconexão de Data Centers Ópticos, 2015”, da Ovum.
Dado o investimento significativo que será exigido para esse crescimento, segue lista com as 10 melhores considerações sobre novos data centers na América Latina:
1 – A proximidade de outros data centers: muitas vezes, os data centers estão localizados próximos uns dos outros, em “clusters”, de modo a facilitar as interconexões com operadoras de nuvem, instalações de compilação ou outras operadoras de TIC. Uma maior proximidade, como por exemplo dentro de um raio de cinco quilômetros, aumenta as necessidades gerais de largura de banda, aumentando a diversidade e a oportunidade de mercado.
2 – A conectividade com operadoras de nuvem: uma mudança fundamental para as empresas é a de transferir suas cargas de trabalho de TI para operadoras de nuvem como Amazon, Google ou Microsoft. Um data center que possua conectividade com essas operadoras de computação na nuvem (geralmente através de um ponto de interconexão) é mais valioso, uma vez que um tráfego maior passará através dele para a nuvem.
3 – O tamanho: os data centers podem variar de 100 mil a mais de 1 milhão de metros quadrados para acomodar servidores e unidades de armazenamento adicionais. Quanto maior o tamanho do data center, maiores serão as necessidades de banda de interconexão e maior será a sua dependência da infraestrutura de rede. Considerando os custos financeiros e de espaço físico, a localização (se você conseguir obtê-la), poderá ser um dos fatores mais desafiadores.
4 – As opções de conectividade: A utilização de várias operadoras de rede ajuda a garantir a resiliência. Isso não é nenhuma novidade, mas é provavelmente mais fácil dizer do que fazer isso na América Latina. O aumento da concorrência está alimentando a diversificação de opções de conectividade, mas ainda existe uma série de desafios para o fornecimento de conectividade de alta capacidade confiável e de bom custo-benefício fora dos locais tradicionais de rede.
5 – O nível: os data centers são classificados de 1 a 4, onde quanto maior o nível, maior a resiliência e a qualidade das instalações ambientais. Alguns setores, como a área financeira e o governo, exigem esses requisitos mais elevados e são mais propensos a pagar por serviços de resiliência superior (tais como restauração de falhas múltiplas na grade). Na América Latina, dada a natureza das nossas redes e infraestruturas, não existem muitos data centers nos níveis mais elevados. Já o potencial de negócios para novos data centers de Nível 3 e Nível 4 é enorme, uma vez que as empresas que investem na construção de novos data centers focarão em alta confiabilidade para se diferenciarem. De acordo com a International Computer Room Experts Association (ICREA) o mercado de data centers na América Latina crescerá 30% em 2015.
6 – Os locais de backup: o data center está localizado a mais de 50 quilômetros de distância de um grande centro populacional? Está em uma rede elétrica diferente ou menos suscetível a desastres naturais? Isto o tornaria atraente como um local de backup. Dado o tamanho alastrado de muitas das maiores cidades da nossa região, será um desafio mitigar riscos e garantir níveis-alvo de confiabilidade.
7 – A interconexão internacional: a localização do data center permite acesso a vários cabos submarinos e instalações de satélite? Isso pode aumentar as oportunidades de monetização ligadas a interconexões internacionais. Esses locais são bastante conhecidos em nossa região: o Rio de Janeiro ou o NAP das Américas, em Miami.
8 – O custo de espaço físico: o custo imobiliário em muitos lugares se tornou proibitivo à medida em que crescem a quantidade de equipamentos e as necessidades de espaço. Por este motivo, alguns data centers mais recentes estão sendo construídos em locais mais suburbanos e rurais para conter os custos, mas essas distâncias maiores necessitam de conexões mais longas.
9 – O custo de energia: estamos começando a ver novos data centers sendo localizados em áreas mais rurais, a fim de reduzir o custo da energia. Dentro dessa mesma abordagem, ter acesso a energia renovável (hidrelétrica, solar) é outro fator que os torna atraentes, à medida em que a eficiência energética se torna uma consideração essencial para as empresas e para os provedores de conteúdo.
10 – O potencial de expansão futura: mais uma vez, o espaço físico é um fator chave. Isso porque as empresas não devem apenas considerar o espaço do data center atual, mas também a necessidade potencial de um crescimento futuro.
Certamente existem diversos outros itens a considerar, da necessidade de resiliência e OPEX (como o custo de espaço físico e de energia/refrigeração) até a conectividade (nuvem, data centers internacionais e metropolitanos). Todos estes são cruciais, mas é importante encontrar o equilíbrio certo – muitos deles dependem das necessidades do usuário final e da oportunidade de crescimento futuro. No geral, a infraestrutura precisará evoluir para garantir que as oportunidades de receita sejam maximizadas.
Hector Silva, diretor de tecnologia e vendas estratégicas da Ciena na América Latina