Os supermercados estão blindados à crise?

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Por Felipe Silveira, da Capital Research

Os supermercados estão entre os poucos setores do varejo que seguem abertos durante essa crise, junto a outros segmentos considerados essenciais. Isso pode levar à conclusão de que eles serão beneficiados ou, ao menos, não serão prejudicados pela situação atual. Mas isso não é verdade. Os supermercados, certamente, também sofrerão um impacto considerável em sua atividade.

No curto prazo, é difícil prever o impacto. Pode haver uma corrida das pessoas para estocar alguns itens mais importantes, mas, com o decorrer dos dias, o fluxo de clientes deve ser afetado, sendo isso parcialmente compensado pelas vendas online.

Nesse ponto, o Pão de Açúcar acabaria saindo um pouco na frente. Em seu último release de resultados, o GPA citou que, segundo dados da Nielsen, tem cerca de 70% de market share nas compras online de alimentos. Mas, os prazos de entrega no site já estão bem maiores. O grupo também atua através do app James, que tem mais de um milhão de downloads no Google Play.

Já o Carrefour tem uma parceria com a Rappi, o que pode ajudar nesse momento pela agilidade do app e pelos mais de dez milhões de downloads também na Google Play. Porém, diferentemente do James, que é do próprio GPA, no Rappi, o Carrefour precisa competir com outros mercados. Vale comentar que, até então, a atuação online do Carrefour é mais forte em itens não alimentares, como eletrônicos e eletrodomésticos.

E vale lembrar que itens não essenciais, sejam alimentos ou não alimentos, provavelmente vão ficar de fora da cesta de compras das pessoas nesse período de forte incerteza sobre a manutenção dos empregos. Portanto, mesmo abertos e atendendo por delivery, devemos ter uma queda relevante nas vendas desses itens.

Além disso, no médio prazo, uma recessão mais duradoura certamente afetaria a expectativa de vendas dos supermercados e quanto maior for o período de quarentena maior o impacto no desemprego, na renda familiar e na velocidade da recuperação.