Os desafios do CIO do futuro

Compartilhar

Por Ana Claudia S. Reis*

A área de TI está se transformando. Podemos observar esse movimento em pequenas realidades do nosso dia a dia e, também, nas ações que as empresas realizam para potencializar seus resultados. A economia digital está mudando as organizações de maneira contínua, criando um ambiente hiperconectado no qual o negócio principal gira em torno das responsabilidades da área de TI e impactam diretamente no desempenho dos atuais gestores. Diante desse cenário, pode-se notar a alteração acelerada na agenda e nas atribuições do CIO (Chief Information Officer). O profissional é, agora, o principal responsável por administrar essa constante atualização.

Pensar digital e compreender a redefinição do seu papel dentro das empresas, que deve ser muito mais estratégico, estão entre os desafios do novo CIO. Ele precisa focar na identificação de novas oportunidades de negócios, que explorem a tecnologia digital como força principal. É responsabilidade desse profissional, portanto, assumir uma postura de liderança digital, que traga aos novos projetos um resultado sólido. Dessa maneira, o diretor irá convencer as demais áreas da empresa de que inovação é, sim, uma função da área de TI e vital para longevidade das companhias.

Como vivemos na “Era da Transformação Tecnológica”, uma das principais dificuldades enfrentadas por esse profissional é ser hábil na administração dessas mudanças. Compreender pioneiramente as tecnologias que surgem é um ponto de total atenção, uma vez que os modelos de negócio e gestão que levam em consideração a evolução da tecnologia passarão a se alterar com maior frequência. Isso requer do executivo, além de conhecimento, um planejamento eficaz que reflita esse olhar sempre à frente do seu tempo.

Com perfil inovador, o CIO do futuro irá atuar em conjunto com outras lideranças como o Chief Digital Officer e o Chief Information Security Officer. Este último, vale notar, será o principal parceiro do CIO, pois seu foco assertivo em cibersecurity e na proteção de dados e propriedade intelectual da empresa, ciente de todos os riscos operacionais, o torna essencial na tomada de decisões.

Ter uma visão clara de mudança de abordagem da área de TI torna-se necessário ao CIO. Em certos casos, por exemplo, é mais seguro e estratégico terceirizar algumas atividades de menor valor agregado, reduzindo o envolvimento do profissional nas questões operacionais, do que incorporar os procedimentos no departamento. Dessa forma, tempo e energia do executivo são liberados e o permitem interagir com outros gestores que pilotam o negócio, solidificando uma visão integral das atividades – e isso será cada vez mais exigido deles. O resultado são processos operacionais mais simples e mais tempo para o CIO inserir novos conceitos tecnológicos, algo vital para seus projetos.

E por que não correr riscos? Sair da zona do backoffice e ir para a linha de frente, dessa vez com postura mais empreendedora, garante além de eficiência, uma empresa mais inteligente, com um board mais ativo, comprometido a criar e sem medo de errar. A natureza desse profissional deve ser de atuar em cenários desafiadores e ele deve conseguir manter os sistemas que já estão em vigor funcionando plenamente ao mesmo tempo em que se dedica a criar novas soluções.

O CIO desejado pelas empresas irá desenvolver e utilizar plataformas digitais que convergem com todas as funções na empresa, potencializando as entregas e resultados. Ele também irá fornecer soluções de tecnologia que atendem as necessidades de diferentes geografias e demografias, já que ele idealmente vivenciou operações globais e entende de diferentes culturas, estando apto a fazer planejamentos direcionados – aproveitando-se do fato de que ele atualmente é o principal direcionador das ações digitais das companhias, coordenando todas as iniciativas online: de e-Commerce até as mídias sociais.

Por fim, entendemos o quão desafiador é o cenário do CIO do futuro. Ao mesmo tempo em que as novas tecnologias alavancam os ambientes corporativos, trazem para esse profissional a missão de se recriar e não ficar para trás. Gerenciar a área de TI como um negócio paralelo é um meio de transformar os processos e auxilia na criação de iniciativas transformadoras, que geram resultados em prazos consideráveis. Particularmente, acredito que o futuro desse profissional reserva surpresas e muitas experiências inovadoras, que irão reafirmar a sua importância no mercado e, é claro, em toda a área de TI.

*Ana Claudia S. Reis é sócia da CTPartners, uma das maiores empresas de recrutamento executivo do mundo (Executive Search).