Por Luciano Quintela, Diretor de Serviços Financeiros da Unisys para a América Latina
O momento atual trouxe novos hábitos financeiros para a população brasileira. Mesmo quem não abria mão de ir até uma agência bancária teve de se adaptar ao uso de aplicativos e sites para realizar transações financeiras. Mas o uso da internet para acessar seus dados bancários pode ser uma porta de entrada para cibercrimes. Vemos, inclusive, grandes instituições reforçando suas comunicações sobre como se proteger de invasões de hackers e roubo de dados. Tais crimes podem começar com simples armadilhas, como falsas ligações e e-mails, até sofisticados e inimagináveis golpes financeiros, como sequestro de dados.
É de se esperar que durante um pico de conexões remotas para trabalho e realização de tarefas pessoais, haja também crescimento de cibercrimes financeiros. De acordo com o Índice Unisys de Segurança, apurado em 2020 durante a Covid-19, 80% dos brasileiros afirmam estar muito ou extremamente preocupados com fraudes bancárias, contra a marca de 75% em 2019.
Felizmente, é possível tomar medidas simples para aumentar a segurança de nossas informações financeiras:
• Garanta que seu banco trabalhe com múltiplas camadas de segurança, como encriptação de dados, logout automático, programação antivírus e anti-malware, isolamento dinâmico de dados, firewalls, autenticação multifator e tecnologias biométricas.
• Não informe suas senhas de acesso ou dados de token a ninguém por telefone, nem por mensagem de texto ou e-mail. Nem mesmo o seu banco lhe solicitaria esses códigos, exceto para validar uma transação financeira que você mesmo esteja realizando.
• Se o aplicativo do seu banco oferecer ferramentas de autenticação multifator, invista um tempo para cadastrar seus dados, como a impressão digital o reconhecimento facial.
• Garanta que baixou e está utilizando o aplicativo oficial do seu banco. Muitos golpistas criam aplicativos parecidos com o de bancos para ter acesso a dados de usuários.
• Nunca utilize um wi-fi público para acessar seu banco. As redes de wi-fi abertas (ou sem senhas) podem ser facilmente invadidas.
• Caso esteja acessando um site e não um aplicativo, verifique as URLs para ter certeza de que estão protegidas (ou seja, contém o https ou o ícone de bloqueio visíveis).
• Mude suas senhas periodicamente e utilize combinações longas e que contém letras minúsculas e maiúsculas, números e símbolos.
• Configure alertas para transações realizadas na sua conta. É possível receber notificações no celular a cada transação, por exemplo.
Como os hackers podem atuar
Trojans bancários são aplicativos disfarçados de uma ferramenta qualquer, como um jogo, um serviço de streaming. Essas aplicações são projetadas para rastrear seus movimentos online. Ou seja, quando você abre sua conta bancária em um dispositivo (computador ou celular) infectado por um trojan, suas credenciais podem ser roubadas sem que você perceba. .
Os golpes de phishing podem ser realizados por e-mail, telefone e mensagens de texto. Normalmente os criminosos estão disfarçados de outras instituições. Os métodos podem ser a solicitação de dados ou o incentivo ao clique em um link, que descarrega silenciosamente um malware ou software que passa a rastrear seu dispositivo e abre janelas para roubos de dados. Um exemplo clássico: você recebe um e-mail de um endereço que, à primeira vista, parece ser do seu banco. Você assume que é seguro e clica em um link ou responde com informações privadas. Nesse momento, você pode ter compartilhado dados com um hacker.
Não quero desencorajar as pessoas a confiar na tecnologia. Pelo contrário, acredito que a tecnologia está no centro de magníficas transformações nos negócios e na sociedade. No mundo bancário, posso mencionar uma ação tão simples e, ao mesmo tempo, extraordinária: apontar a câmera do celular a um boleto e pagá-lo em 10 segundos ou fazer transferências com poucos cliques.
No entanto, crises como a Covid-19 desencadeiam grandes preocupações com saúde pessoal que podem ser aproveitadas por golpistas. Ao trabalhar de casa, as pessoas podem ter uma falsa sensação de segurança e não perceberem que seus dados estão sob ameaça. Nesse caso, a informação e a prevenção são ferramentas-chave para se proteger e seguir colhendo frutos dos benefícios da revolucionária transformação digital.