Por Nathália Secco
Famoso por ser o maior polo de inovação do mundo, o Vale do Silício é o celeiro de empresas de peso ao redor do mundo, como Apple, a gigante Google e o Facebook, maior grupo de redes sociais do mundo. Contudo, vale reforçar que o pensamento disruptivo é propagado para além dessas companhias e das renomadas universidades Stanford e Berkeley, se estendendo para a mentalidade dos moradores, estudantes e profissionais da região, que possuem sede de conhecimento e buscando sempre surpreender com novidades tecnológicas.
É justamente por conta dessa abundância de capital cultural e econômico, cercado por universidades de grande relevância no cenário mundial, instituições como a NASA, uma vasta rede de empresas que investem em tecnologia e inovação, e por uma população com espírito empreendedor e até mesmo rebelde, que a região é conhecida por ser o berço de grandes inovações.
Por conta dessa mentalidade disruptiva, as startups do Vale do Silício contam com o apoio de investidores de capital de risco, ainda que 97% tendem a fracassar, de acordo com pesquisas realizadas pela própria Universidade de Stanford. Contudo, o mercado de Venture Capital tem o apetite necessário para apostar em tecnologias inovadoras, com propósitos bem definidos e com alto potencial de escala, podendo revolucionar mercados e a forma de se fazer negócios ao redor do mundo.
Esse ecossistema solidificado de inovação passou a ser desenvolvido em meados de 1920, quando surgiram os primeiros investimentos em pesquisas realizadas por alunos de Stanford. E uma das principais lições decorrente do ecossistema da inovação é de que o empreendedor não pode ter medo de falhar. Por isso, o jargão mais conhecido na região é o “erre, mas erre rápido”, pois é dessa forma que o empreendedor consegue aprender com as respostas do mercado à sua solução e realizar as alterações necessárias e, até mesmo, “pivotar” a sua startup.
E foi por conta da minha rápida – e intensa – passagem pela Universidade de Stanford, que percebi o quanto essas características comportamentais, que fazem com que o Vale do Silício seja único, são enriquecedoras para a minha área de atuação: o agronegócio.
Hoje, o Brasil já conta com cerca de 70% de seu território nacional ocupado por agtechs (startups voltadas ao agribusiness), de acordo com levantamentos recentes da Associação Brasileira de Startups – a Abstartups. Contudo, o Centro-oeste brasileiro, o qual sua principal economia é proveniente do agronegócio, sendo considerado um mercado de referência internacional, ainda está engatinhando no processo de digitalização do setor.
E é nesse momento que temos que nos espelhar na mentalidade disruptiva de nossos colegas norte-americanos e refletir: “o que podemos fazer para acelerar esse processo?”. E o que percebo é que, em alguns casos, não faltam propostas inovadoras, mas sim uma certa resistência e dificuldade operacional em migrar do analógico para o tecnológico.
Por isso, é importante estar atento e entender o que aqueles que estão pensando “fora da caixa” podem proporcionar para o seu negócio. Aqui, posso enumerar diversos exemplos, como softwares de gestão hídrica, sistemas de inteligência artificial e uso de drones para monitoramento de lavouras e aplicações de insumos.
Vale reforçar, também, que os benefícios de se investir em uma agricultura mais moderna vão além de tornar o manejo agrícola mais assertivo e com produtos mais competitivos para o mercado. Esses recursos também vêm para tornar o modelo de negócio mais sustentável, uma vez que é possível gerar uma economia maior de recursos naturais, com o manejo correto dos insumos gerando menos impactos ao meio ambiente.
Assim, ao “transportarmos” o comportamento do Vale do Silício para a nossa realidade, só temos a ganhar em diversos aspectos, como agilidade, eficiência, recursos, notoriedade, inovação e qualidade de vida. Aposte nessa ideia!
Nathália Secco, fundadora e CEO da Orchestra Innovation Center, novo polo de inovação de Rio Verde, em Goiás