O futuro da indústria 5.0 na sociedade

Compartilhar

Por Pedro Okuhara, Especialista de Produtos e Aplicações da Mitsubishi Electric Brasil

O conceito de Indústria 5.0 é definido como uma visão humanizada das transformações tecnológicas no setor, equilibrando as necessidades atuais e futuras dos trabalhadores e da sociedade com a otimização sustentável do consumo de energia, processamento de materiais e ciclos de vida dos produtos. Este conceito representa a evolução natural após a era digital da Indústria 4.0, marcando um redirecionamento para valores humanos e ambientais.

Além disso, é apontado como o modelo do próximo nível de industrialização, caracterizado pelo retorno da mão de obra às fábricas, produção distribuída, cadeias de abastecimento inteligentes e hiperpersonalização, como a customização em massa de produtos por meio de tecnologias digitais, de modo a proporcionar uma experiência personalizada ao cliente.

Sem contar que, oferece o melhor de dois mundos: aproveitar as funcionalidades das máquinas inteligentes e combiná-las com o conhecimento, a criatividade e o pensamento crítico que só uma força de trabalho qualificada pode proporcionar.

A base para adotar a Indústria 5.0

Somente com uma base sólida na Indústria 4.0 é que as organizações estarão preparadas para migrar para a Indústria 5.0, necessitando de uma infraestrutura robusta para a comunicação fluida entre humanos e máquinas. Se as instalações físicas, as redes de comunicação, os sensores das máquinas e o poder computacional tiverem limitações, as informações não serão compartilhadas de forma eficiente e não irão gerar insights acionáveis. Superar essas limitações requer investimentos em tecnologia de ponta e capacitação.

Além disso, as organizações precisam de uma força de trabalho com um número crescente de indivíduos altamente treinados que tenham compreensão da interação homem/máquina. É vital estabelecer parcerias com universidades e escolas técnicas para desenvolver programas educacionais focados nas necessidades da Indústria 5.0.

Redes e máquinas alimentadas por Inteligência Artificial podem criar e otimizar processos, porém, a inovação real surge da sinergia entre algoritmos avançados e a criatividade humana, como no desenvolvimento de novos produtos que atendem às expectativas dos consumidores.

Abordagens complementares

A Indústria 4.0 é uma abordagem de fabricação orientada pela tecnologia que ajuda nas decisões em tempo real, melhorando significativamente a eficiência e a segurança. Exemplos notáveis incluem sistemas de monitoramento remoto e manutenção preditiva.

Já a Indústria 5.0, embora também seja orientada à produção, adota uma abordagem mais humana e envolve a relação entre os funcionários, os robôs e a tecnologia. Um exemplo desta colaboração é a utilização de robôs colaborativos (cobots) que trabalham lado a lado com humanos em linhas de montagem, aumentando a segurança e a produtividade.


Segundo especialistas do European Economic and Social Commitee, a Indústria 5.0 significa fortalecer a cooperação entre a robótica e os seres humanos, “unindo forças para um futuro centrado no bem-estar humano,” criando um futuro mais inclusivo e centrado no ser humano.

Ênfase nos pilares social e ambiental

A jornada rumo à Indústria 5.0 será acompanhada por maior ênfase nos valores social e ambiental, incorporando práticas ESG e de Responsabilidade Social Empresarial, implementando ações que preservem o meio ambiente e promovam o bem-estar e progresso dos públicos internos e externos, atingindo um desempenho organizacional que vá além do aspecto financeiro, incorporando os pilares econômico, social e ambiental.

Ao questionarmos como a Indústria 5.0 afetará as tarefas, a produtividade dos trabalhadores e a forma como organizamos o trabalho, é essencial reconhecer a importância do desenvolvimento contínuo de competências. A colaboração homem-robô destaca a necessidade de habilidades complementares, onde a destreza humana e a inteligência artificial se unem para inovar. Dar o primeiro passo nesta jornada de aprendizado coletivo é essencial para navegar no novo paradigma de produção.