O dilema das contratações no setor de TI

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A falta de mão de obra qualificada no setor de Tecnologia da Informação é um problema que, há anos, ronda o segmento. Desde 2010, ouvimos falar no apagão de profissionais capacitados para atender todas as demandas. E as oportunidades continuam crescentes.

Recentemente, uma pesquisa realizada pela Right Management mostrou que este ano as oportunidades de trabalho no setor de TI cresceram 144% em comparação com 2011. O desempenho vai contra a queda das contratações sentida por muitos outros segmentos econômicos.

O que deveria ser um tema para festejar, muitas vezes, acaba se tornando um grande problema. A falta de capacitação, mesmo com os inúmeros alertas e investimentos de empresas na formação de profissionais, ainda é um entrave.

Muitos profissionais de outros segmentos, diante das oportunidades de trabalho, acabam migrando para o setor de TI, porém, sem a qualificação necessária para desempenho das funções.

Por Marcos Sakamoto

Há mais de um ano, já se comentava que, até 2013, o déficit de profissionais em TI seria da ordem de 200 mil. Um estudo recente realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) revelou que, somente em 2014, o mercado de TI brasileiro vai precisar de 78.000 novos profissionais. Porém, a expectativa é que apenas 33.000 pessoas alcancem a formação necessária.

O ônus pela falta de capacitação ficará a cargo das empresas. Os salários médios oferecidos já estão acima da média e, muitas vezes, para atender a demanda, as empresas precisam investir em cursos específicos. Se não investem na capacitação, as empresas ficam sem profissionais para desenvolver as funções necessárias. Porém, se optam por investir em qualificação, precisam lidar com a canibalização do mercado na busca por estes profissionais capacitados. Ou seja, rapidamente, a empresa pode ver o seu funcionário ou colaborador assediado por outras empresas e precisar começar o ciclo novamente.

Apesar de querermos crescimento e de o setor de TI, diante da desaceleração econômica, apresentar inúmeras oportunidades de expansão, o atual cenário é preocupante. Se não conseguirmos formar e capacitar os nossos profissionais, corremos o risco de perder novos investimentos de grandes empresas e, até mesmo, vermos algumas companhias migrar para outros países.

Com a proximidade dos eventos esportivos de 2014 e 2016, estamos no limite do tempo para investirmos em capacitação. E este não é só um problema privado. É um problema que deve envolver empresas, entidades, instituições de ensino e governo. Somente com o envolvimento de todos, conseguiremos soluções viáveis em tempo de reverter este quadro.

* Marcos Sakamoto é presidente da Assespro São Paulo