Levantamento revela que apenas 35% pretendem um acordo e, desse total, apenas 11% pretendem aumento
Uma pequena parcela de profissionais brasileiros buscou negociar um aumento salarial no último ano. É o que aponta o estudo global Talent Trends , da Michael Page, uma das maiores consultorias especializadas em recrutamento de executivos. De acordo com a pesquisa, 65% não negociaram um aumento salarial enquanto apenas 35% dos colaboradores do Brasil buscaram um acordo para incrementar seus rendimentos. Desse total, 24% não obtiveram sucesso e apenas 11% obtiveram aumento. A taxa de sucesso é inferior às médias da América Latina (12%) e globais (21%).
“O cenário de incertezas econômicas globais tem provocado desequilíbrios em toda a cadeia produtiva. Em momentos sensíveis como o que vivemos agora, é natural que as empresas adotem uma postura mais cautelosa, buscando equilíbrio em suas operações, e isso inclui a política de remunerações. Quando há mais dúvidas do que certezas, a tendência é que as negociações salariais se tornem mais conservadoras, muitas vezes sem atender às expectativas dos profissionais. E no Brasil isso ficou mais claro ainda a partir de nossa pesquisa, mostrando que os aumentos salariais não avançaram na maior parte dos casos.” analisa Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page no Brasil.
Os dados fazem parte da pesquisa global Talent Trends 2025 , um dos estudos mais abrangentes sobre profissionais e o mercado de trabalho, realizado em novembro e dezembro de 2024, em 36 países. Ele conta com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, que atuam em empresas de diferentes segmentos e portes. O objetivo desse levantamento é alinhar as diferentes expectativas de profissionais (salários competitivos, flexibilidade e aspectos da cultura organizacional) e empresas (que sofrem pressões externas de um mercado de trabalho dinâmico).
Busca por novos caminhos: prudência e estratégia
O relatório também investigou o comportamento profissional em relação à mobilidade: 47% dos profissionais brasileiros afirmaram estar buscando avançar uma nova oportunidade de trabalho, dado inferior à mídia da América Latina (52%) e do mundo (53%).
“A alta da inflação no Brasil e no mundo sempre acaba causando um descompasso no poder de compra e renda. E quando um profissional sente no bolso os efeitos da escalada inflacionária, é natural que ele busque um diálogo para tentar recompor essas perdas. Quando isso não acontece, as empresas correm o risco de ter um funcionário insatisfeito com seu salário, menos motivado e com chance de perdê-lo para o mercado. Os líderes precisam ficar mais atentos a esses sinais para não perderem potenciais talentos. são ações efetivas e que ajudam a enfrentar cenários de instabilidade econômica, mas nada substituem um pacote salarial competitivo alinhado às expectativas do mercado”, diz Basaglia.
Satisfação e perspectivas profissionais
Quando questionados sobre sua satisfação com os salários atuais, 55% dos entrevistados brasileiros declararam estar “bastante” ou “muito infelizes” com sua expectativa, enquanto apenas 43% afirmaram estar satisfeitos – bastante ou muito felizes. Os 2% restantes não souberam ou não responderam.
“Há um novo padrão de cautela no ar. Muitos profissionais têm recompensado seus próximos passos, priorizando segurança e estabilidade. Ao mesmo tempo, cresce a importância de um diálogo constante sobre reconhecimento e expectativas. Quando essa conexão falha, a motivação diminui e o risco de perder talentos aumenta. A remuneração não é apenas uma questão financeira, mas um pilar estratégico na relação entre pessoas e empresas. Manter essa ponte ativa é o que garante real e sustentável”, relata o executivo.
O Guia Salarial 2025 da Michael Page, outro levantamento de referência em remunerações no Brasil, revelou que a maioria dos profissionais viu suas remunerações permanecerem estáveis em 2024. O estudo revela estabilidade salarial em 49% das cargas avaliadas. De acordo com a pesquisa, 8 de 12 setores (Marketing, Recursos Humanos, Logística, Tecnologia, Varejo, Vendas, Bancário e Finanças) figuraram entre os que obtiveram resultados.
“Apesar do retrato solicitado, os dados do Talent Trends 2025 também revelam um cenário fértil para empresas que se interessam se destacar: aquelas que apostarem em escuta, reconhecimento e em políticas salariais justas têm mais chances de atrair e reter os melhores talentos do mercado, especialmente em um contexto em que a valorização vai muito além do salário e passa por pertencimento e alinhamento com os valores da organização”, conclui Basaglia, de Michael Page.
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