Mercado global de IPOs sofre queda no primeiro trimestre do ano, aponta estudo da EY

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Volumes de negócios caíram 8% no período e executivo recomenda preparação para oportunidades futuras
 

O mercado global de IPOs caiu 8% no primeiro trimestre de 2023, de acordo com dados do novo estudo EY Global IPO Trends Q1 2023, feito pela EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. Com um total de 299 IPOs, movimentando US$ 21,5 bi, decréscimo de 8% e 61%, respectivamente, em relação ao Q1 2022. O período de baixas aconteceu em meio a aumentos de taxas de juros, inflação enraizada e uma turbulência inesperada na indústria bancária mundial. Apesar da incerteza, o mercado segue esperançoso em uma reviravolta no futuro próximo.
 

O setor de tecnologia, que têm sido um dos pilares das atividades de IPO nos últimos anos, também sofreu declínios. Investidores não estão apostando em segmentos com maior risco. Isso levou a um crescimento do setor de energia, responsável por quatro das dez principais empresas listadas no primeiro trimestre. “Ativos ligados a energia normalmente têm fluxos de caixa mais previsíveis e, consequentemente, oferecem menos riscos. Além disso estão ligados a questões de ESG e sustentabilidade, atraindo investidores no momento. explica Flavio Machado, sócio-líder de Financial & Accounting Consulting Services. “Os temas dessa agenda vem se tornando cada vez mais importantes e impactantes em decisões para investidores, empresas, sociedade e consumidor final”.
 

Brasil

No Brasil, o mercado não se diferencia muito do comportamento global e as dificuldades do país estão alinhadas as do restante do mundo. “Temos a questão da taxa de juros que é mais abrangente que a questão fiscal local. A inflação, recessão e crescimento tem relação direta com mercado de capitais, mas o evento da reforma fiscal é um componente”, pontua Machado. O executivo não enxerga melhorias significativas no país enquanto o mercado global também não evoluir. “É necessário que os cenários caminhem juntos, local e global. Hoje, é o momento das empresas se prepararem para estarem bem estruturadas quando as janelas de oportunidades reabrirem”.
 

“Quando falamos em preparação, nos referimos ao fato da empresa estar pronta para ser uma empresa de capital aberto, com comunicação e estratégia bem definidas. Por isso é importante a organização de toda a governança e a mudança de mindset, para que esse pensamento se mantenha a longo prazo. As pessoas enxergam o IPO como final, mas na verdade é o começo. O sucesso não é só o lançamento, é a manutenção de valor, oportunidade de novas ofertas pós IPO”, sinaliza Flavio.
 

Desempenho ao redor do mundo

A região da Ásia-Pacífico dominou o trimestre, sendo responsável por 59% dos negócios globais de IPOs, registrando 175 negócios e movimentando US$12,7bi. Um grande IPO proveniente do Oriente Médio, movimentou US$2,5 milhões.

Já nas Américas, as atividades estavam em linha com o primeiro trimestre de 2022, mas abaixo dos níveis observados em períodos comparáveis durante a última década, terminando o trimestre com 40 negócios e US$2,6bi em receitas, 11% e 9%, respectivamente, em alta. Nas bolsas americanas, houve 31 negócios, oito superiores a US$50mi. O Canadá viu seu maior IPO desde maio de 2022, arrecadando mais de US$100mi em receitas.
 

Perspectivas para o ano

Embora os níveis de atividade de IPO estejam quase nulas no momento, o mercado vislumbra alguns desenvolvimentos positivos nas áreas da inflação, taxa de juros, valorizações e volatilidade do mercado, o que pode preparar o terreno para uma potencial recuperação no mercado das Américas.
 

O pico da inflação, a mitigação dos preços da energia e o relançamento da economia da China Continental cooperam para o olhar otimista. Além disso, a colaboração entre governos, incluindo programas de cooperação e de ligação entre ações, junto com o apetite dos investidores também pode levar a uma alta nos negócios.
 

“As empresas terão de navegar no ambiente de alto custo e liquidez reduzida durante um pouco mais de tempo. Assim que houver provas de um mercado mais estável e com maior certeza, a confiança dos investidores deve regressar e as empresas proeminentes que tenham adiado os planos de IPO poderão recomeçar, ainda que com avaliações mais modestas”, finaliza.