s companhias brasileiras captaram R$ 139 bilhões no mercado de capitais doméstico no ano passado, volume só superado pelo de 2010, ano cujo resultado foi impactado pela captação da Petrobras, de R$ 120,2 bilhões. Compõem a agenda do segmento para 2013, divulgada hoje pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) iniciativas para aprimorar a autorregulação e o acesso das empresas ao mercado e para estimular a demanda por debêntures de infraestrutura.
“O desempenho de 2012 mostra que o mercado de capitais já ocupa uma posição estratégica como opção de financiamento para as empresas. O nosso objetivo é consolidar cada vez mais esse papel e aumentar a participação do mercado no financiamento de projetos de longo prazo”, afirma Marcio Guedes, diretor da ANBIMA.
Os aprimoramentos da autorregulação incluem os planos para a criação de capítulos exclusivos no Código de Ofertas da Associação para tratar de ofertas de CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e da atividade dos agentes fiduciários. Além disso, ao longo do ano também devem ser propostas regras específicas para a participação do investidor de varejo nas ofertas de IPOs.
Estão ainda na agenda os esforços para aprimorar as condições de acesso das empresas ao mercado de ações, e a sugestão de criação de fundos de investimento em debêntures de infraestrutura, como forma de dar dinamismo à demanda por esses títulos.
Desempenho em 2012
As captações de dívida no mercado local e internacional foram recordes em 2012. Foram R$ 124,8 bilhões em captações no mercado doméstico, e o equivalente a R$ 95,8 bilhões no mercado internacional.
No mercado doméstico, as emissões de debêntures se mantiveram em destaque, com volume de R$ 86,6 bilhões, equivalente a 69,4% do total de renda fixa, seguidas pelas emissões de nota promissória (18,14%), CRI (8%) e FIDC (4,5%). A principal destinação dos recursos para as debêntures foi o refinanciamento de passivos (45,4%). O prazo médio das operações voltou ao nível atingido no período pré-crise de 2008, tendo alcançado 6,1 anos ao final de 2012, frente aos 6,3 anos daquele ano.
Nas captações externas, as ofertas com títulos de dívida cresceram 35%, passando de US$ 37,5 bilhões para US$ 50,5 bilhões. Ao todo, as empresas responderam com US$ 29,5 bilhões, seguidas pelas instituições financeiras com US$ 17,1 bilhões e pelos US$ 3,8 bilhões captados pelo governo.
As ofertas de ações foram afetadas pela aversão ao risco que continuou afetando o mercado internacional, o que restringiu as emissões de renda variável no mercado local, onde foram registrados R$ 14,3 bilhões em emissões em 2012, o volume mais baixo dos últimos seis anos. O setor que mais acessou o mercado de ações foi o financeiro, com participação de 25,6% nas ofertas, seguido pelos setores de energia elétrica (22,2%), e de papel e celulose (20,4%). Neste início de 2013, oito ofertas de ações estão em análise pela ANBIMA e CVM.