M&A no Brasil: gestão documental pode ser fator decisivo para aquisição de empresas

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Por Inon Neves, vice-presidente da Access

Após três anos de desempenho fraco, o mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) mostra sinais claros de recuperação em 2025. Nos primeiros cinco meses do ano, foram fechadas cerca de 596 operações, um aumento de 14,6% em relação ao mesmo período de 2024 – e, em termos de volume financeiro, essas transações já movimentaram cerca de R$ 120 bilhões. Esse crescimento contrasta com o cenário global, onde o número de transações recuperou aproximadamente 9% na primeira metade do ano.

Os analistas projetam estabilidade no ritmo de negócios, com expectativa de aproximadamente 1.400 fusões e aquisições até o final de 2025. O apetite dos investidores estratégicos tem se destacado, participando de cerca de 67% das transações, enquanto investidores financeiros, como fundos de private equity, respondem pelos demais 33%. As empresas brasileiras responderam por 77% dos negócios, refletindo uma menor participação estrangeira no mercado.

Desafios operacionais

Concretizar uma fusão ou aquisição de forma bem sucedida não é uma tarefa simples. As empresas enfrentam desafios operacionais consideráveis durante o processo de M&A, especialmente na fase pós-negociação, de integração dos negócios. Um dos principais obstáculos é integrar culturas corporativas e equipes distintas: diferenças nos estilos de gestão e valores organizacionais podem gerar conflitos e dificultar a unificação da empresa combinada.

Há também o problema técnico de alinhamento de sistemas de TI e processos de negócio muitas vezes incompatíveis. F&A invariavelmente envolvem plataformas de financiamento, bases de dados, cadeias de fornecimento e procedimentos internos – e sistemas incongruentes ou redundantes podem atrapalhar operações se não forem integrados de maneira inadequada.

Outro desafio crítico é garantir que as sinergias planejadas se concretizem. Estudos apontam que uma parcela relevante das fusões fracassa em capturar todos os ganhos previstos de eficiência, seja por dificuldades na redução de estruturas duplicadas, seja por perda de talentos-chave durante a transição.

Questões regulatórias também entram no jogo: grandes operações exigem aprovação de órgãos como o CADE, o que exige tempo e pode impor restrições – por exemplo, exigência de venda de ativos para evitar o monopólio. Durante todo o processo, é necessário gerenciar riscos legais e de compliance – desde passivos ocultos descobertos na due diligence até potenciais identificados regulatórios na integração.

Gestão documental: eficiência e diferencial competitivo

Mesmo diante de tanta complexidade, há um fator que tem sido um diferencial competitivo para o sucesso das operações M&A: a excelência na governança da informação e na gestão documental, viabilizada por soluções digitais. O processo de due diligence – etapa em que o comprador analisa minuciosamente todos os documentos e dados da empresa-alvo – pode ser extremamente complexo e moroso se não houver uma organização documental adequada.

É por isso que o uso de plataformas digitais seguras de compartilhamento de documentos tornou-se padrão nas transações modernas. As transações que utilizam salas de dados virtuais tendem a ser mais ágeis e produtivas, graças à melhor gestão e organização dos documentos envolvidos.

Uma gestão documental digital eficaz permite que contratos, balanços, relatórios e demais documentos sejam relevantes armazenados de forma centralizada e protegidos por criptografia. Com isso, as empresas garantem acesso seguro e contínuo às informações, facilitando auditorias e processos de due diligence. A centralização digital elimina a necessidade de consultas físicas, evita extravios e reduz drasticamente o risco de vazamento de dados temporários.

Além disso, a gestão documental favorece uma agilidade entre equipes e partes interessadas. Em um ambiente virtual organizado, compradores, vendedores, consultores e advogados podem acessar simultaneamente os documentos necessários, com histórico detalhado de quem acessou o quê e quando. Essa transparência acelera decisões, reduz falhas de comunicação e permite que múltiplas equipes distribuídas geograficamente conduzam análises de forma eficiente e integrada.

Outro ponto fundamental no processo de integração pós-M&A é a garantia de que informações valiosas não sejam perdidas ou omitidas, especialmente considerando o fator humano que acompanha a aquisição de empresas. É comum que colaboradores da organização adquirida, preocupados com suas posições e o futuro da marca, possam reter ou omitir dados estratégicos. Nesse sentido, contar com uma gestão documental profissional e independente é essencial. Isso garante que todas as informações críticas sejam devidamente registradas, protegidas, organizadas e disponibilizadas para a empresa adquirente, preservando o conhecimento adquirido ao longo dos anos e garantindo que o valor da proteção seja plenamente capturado, sem perdas ou riscos adicionais.

Em um mercado de M&A que ganha dinamismo em 2025, a capacidade das empresas em organizar, acessar e proteger seus documentos críticos deixa de ser apenas uma vantagem operacional – torna-se um fator decisivo na própria atratividade dos negócios. Assim, uma gestão eficiente da informação emerge como diferencial competitivo vital, determinando quais organizações qualificadas para aproveitar plenamente as oportunidades dessa nova fase de expansão do mercado brasileiro de fusões e aquisições.