Por Mauricio Andrade de Paula
Os laboratórios de varejo, livre tradução para o termo em inglês retail labs, vêm ganhando espaço nos últimos tempos. Esta expressão tem sido usada para designar iniciativas e espaços que buscam a inovação nas operações do varejo, como unidades pensantes e idealizadoras de ações “fora da caixa”.
Apesar de o termo trazer um ar de novidade e modernidade, esta prática não é tão nova assim no setor varejista. Quem está por dentro dos negócios do segmento sabe que as palavras transformação e inovação são consideradas seus principais pilares, sempre buscando novas alternativas para melhorar a experiência dos consumidores e criando níveis de excelência operacional.
Mas, o que muda com esta nova abordagem? O laboratório é onde se aprende errando. A operação dentro do varejo não permite erros: com um cenário tão competitivo, onde o lucro e as oportunidades estão nos pequenos detalhes, qualquer ponto fora da curva pode custar muito caro. No entanto, inovar e achar novas alternativas para uma operação não é tão simples assim.
Muitas vezes, uma novidade precisa de inúmeros ajustes, não sendo um sucesso de imediato. Contudo, com alguns reparos aqui e ali, ela pode gerar novas opções para o varejista. E é justamente esta a principal semelhança de um laboratório de varejo com um centro de pesquisa & desenvolvimento: a orientação para geração de experimentos controlados dentro desse ambiente, permitindo erros e acertos que aumentem o nível de conhecimento.
Vale ressaltar que os resultados serão analisados na prática. Além dessa liberdade, os laboratórios buscam aproximar os “profissionais-cientistas” do cotidiano do varejo, mantendo a blindagem para que eles não sejam sugados pelos desafios operacionais comuns ao dia a dia. Estes profissionais devem ser direcionados para novas descobertas e insights que realmente trarão benefícios quantificáveis ao setor.
Outra característica inerente a estes laboratórios diz respeito ao intercâmbio de profissionais inovadores. Em alguns casos implementados ao redor do mundo, estes espaços podem selecionar pessoas de diversos setores (marketing, operações, logística, comercial, etc.), que já fazem parte do quadro de colaboradores da empresa e têm em comum uma capacidade intraempreendedora aguçada para atuar como temporários em algum experimento em que seus conhecimentos, habilidades e atitude farão a diferença.
Depois de alcançado o objetivo, os especialistas voltam para as suas posições de origem com um novo papel: de embaixadores da mudança e líderes da implantação dessas novas formas de fazer negócios.
Em tempos em que a palavra terceirização está em evidência nos noticiários brasileiros, alguns varejistas nacionais já contam com a opção de terceirizar grande parte de seu laboratório a empresas como a Teradata, que possui especialistas da indústria, arquitetos de solução tecnológica e cientistas de dados que ajudarão nessa busca pela inovação no país.
O processo é praticamente o mesmo do feito em casa, mas, com um parceiro que irá fornecer acesso ao estado da arte em tecnologia, a especialidade em lidar com os dados e o conhecimento de mercado. A principal vantagem desta prática é a flexibilidade, uma vez que um laboratório não irá fabricar inovações diariamente, já que depende de todo um processo de pesquisa, análise e testes.
Além da diminuição do custo, a terceirização de um laboratório de varejo pode ser ainda mais positiva quando somada à experiência do parceiro, que pode usar benchmarks internacionais para direcionar e acelerar os resultados dentro de um novo projeto.
Assim, varejistas que têm processos já em andamento e estão em plena corrida pela inovação – que representa um experimento com escopo definido – conseguem realizá-los em um período de seis a dez semanas, tempo rápido quando comparado às abordagens tradicionais.
Cabe lembrar que as descobertas não representam coisas ligadas à tecnologia, mas sim a detalhes do comportamento do consumidor, da operação das lojas e resultados das iniciativas promocionais, entre outras questões. Os insights encontrados devem ser rapidamente transformados em ações práticas que irão gerar novas informações para novas análises e novos ajustes de rota – é um ciclo contínuo. Acredite naquilo que os seus dados revelarem e transforme essas respostas em missões críticas para o sucesso.
Mauricio Andrade de Paula é diretor vogal do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR) & Consultor de Negócios Sênior em Análise Avançada de Dados e Big Data para a Indústria de Varejo na América Latina da Teradata