O investimento global em Private Equity registrou uma queda de 28%, passando de 505,3 bilhões de dólares para 363,7 bilhões de dólares. No número de operações concretizadas, os acordos caíram de 4.527 no segundo trimestre do ano passado para 3.769. Esses dados são provenientes da pesquisa Pulse of Private Equity, realizada pela KPMG.
A queda de quase 30% nos investimentos em Private Equity no segundo trimestre deste ano está ligada a fatores como o elevado custo de capital, foco nos próprios investimentos em carteira, maior rigor nos processos de diligência e a reavaliação dos múltiplos de mercado. O cenário atual exige disciplina na alocação de recursos e uma abordagem ainda mais criteriosa na identificação de ativos com fundamentos sólidos e potencial de geração de valor no médio e longo prazo”, avalia o sócio-líder de Private Equity da KPMG no Brasil, Roberto Haddad.
Visão nas Américas
De acordo ainda com a pesquisa, os investimentos em Private Equity nas Américas secaram, totalizando US$ 11,9 bilhões em 163 operações no segundo trimestre deste ano — uma queda significativa em relação aos US$ 55,3 bilhões e 221 operações do primeiro trimestre.
A América Latina, principalmente o México, experimentou uma forte queda na atividade de Private Equity no início do segundo trimestre deste ano, impulsionada pela evolução da estratégia tarifária dos Estados Unidos. Muitas transações que estavam em andamento foram interrompidas, à medida que uma ou ambas as partes envolvidas decidiram pausar as negociações até que houvesse uma visão mais clara sobre o futuro. Até o dia 7 de agosto de 2025, as tarifas mexicanas estavam em 25% com relação aos Estados Unidos.
Investimento por setor globalmente
Tecnologia, mídia e telecomunicações continuam liderando os investimentos globais de Private Equity no segundo trimestre deste ano, atraindo US$ 247,2 bilhões. Em segundo lugar aparece o setor de manufatura industrial, com US$ 132,4 bilhões, enquanto energia e recursos naturais captaram US$ 107 bilhões. Infraestrutura e transporte movimentaram US$ 74,4 bilhões.
Apesar das operações de Private Equity pelo mundo terem diminuído, o setor farmacêutico e biotecnologia se destacou, com investimentos no meio do ano alcançando US$ 6,9 bilhões — superando o total de US$ 4,2 bilhões registrado em todo o ano de 2024. Já a área de saúde também teve um desempenho sólido, atraindo US$ 79,3 bilhões no período, em comparação aos US$ 141,6 bilhões registrados durante todo o ano passado. Energia, infraestrutura e startups de tecnologias limpas (cleantech) também caminham para superar os níveis de 2024. Em contraste, o setor automotivo sofreu uma queda acentuada, atraindo apenas US$ 12,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, frente aos US$ 39,8 bilhões investidos ao longo do mesmo período do ano passado.
“Os dados mostram que, mesmo em um cenário de retração geral nas operações de Private Equity, os investidores seguem priorizando setores com alto potencial de inovação, resiliência e geração de valor a longo prazo. Tecnologia, energia e biotecnologia demonstram capacidade de atrair capital por estarem diretamente ligados a transformações estruturais, como digitalização, transição energética e avanços em saúde, realça Haddad.