Investimentos dos brasileiros somam R$ 4,4 trilhões de patrimônio líquido

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Os investimentos dos brasileiros alcançaram os R$ 4,4 trilhões de patrimônio líquido no primeiro semestre deste ano de acordo com a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O resultado foi puxado pelos clientes do private, cujo volume financeiro cresceu 8,8% no período, seguido pelo varejo alta renda, com avanço de 8,5%. O varejo tradicional cresceu apenas 1,5%.

A base de dados da Associação foi ampliada após uma mudança no Código de Distribuição: desde junho, todas as instituições que atendem clientes do varejo devem enviar informações para as estatísticas. Antes, ficavam dispensadas as casas com menos de 50 agências bancárias ativas no país e/ou aquelas em que o patrimônio líquido do varejo fosse inferior a 1% do total da estatística da ANBIMA. Com a mudança, os dados do varejo correspondem a 73 instituições (eram 15 antes). A base do private conta também com três novos integrantes, somando 18 instituições. Mantida a base de dados anterior, o patrimônio líquido total seria de R$ 4,0 trilhões.

Ações são destaque do private


Pela primeira vez na série histórica (desde 2009), as ações se tornaram o principal produto da carteira dos investidores do private, respondendo por 29,2% dos recursos – em dezembro de 2020, esse percentual era de 26,3%. Os fundos de ações também despontaram: avançaram de 8,0% para 9,6% da carteira, na mesma base de comparação. Já os fundos multimercados, que ocupavam o primeiro lugar na preferência desses investidores, perderam participação de 29,2% no final do ano passado para 28,1% em junho de 2021, ficando agora com a segunda posição.

“O avanço das ações e dos fundos de ações mostra o movimento de diversificação das carteiras, com os clientes buscando investimentos mais arrojados e com maior potencial de rentabilidade. Esse movimento já acontecia desde o ano passado e se intensificou com a retomada da economia em 2021”, explica José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da ANBIMA.

Na variação do volume financeiro, os fundos de ações cresceram 30,3% e as ações, 20,9% entre os clientes do segmento. Os fundos imobiliários, de renda fixa e a previdência tiveram variações negativas de 12,6%, 8,5% e 1,7%.

Ações, debêntures e fundos imobiliários crescem no varejo


As ações também aumentaram participação na carteira do varejo, com avanço de 7,2% para 8,1% no primeiro semestre de 2021. A poupança ainda ocupa o primeiro lugar entre esses investidores, mesmo com queda de participação de 38,8% para 36,9%, na mesma base de comparação, seguida pelos CDBs, que foram de 16,8% para 17,2%. Os fundos multimercados seguem na quinta posição entre os produtos com maior representatividade no portfólio: cresceram de 6,8% para 7,5% do volume financeiro do varejo.

Entre os clientes do varejo tradicional, os produtos que tiveram maior variação de volume foram as debêntures – com alta de 62,5% – e os fundos imobiliários – com variação positiva de 22,7%. “As debêntures tiveram grande volume de emissões no primeiro semestre e apresentaram boas rentabilidades, o que pode ter impulsionado esses papéis como alternativas de renda fixa”, analisa Rocha. “Já os fundos imobiliários seguem o movimento de um setor aquecido pelo início da retomada econômica pós-crise de covid-19, além de se mostrarem como opções para a diversificação das carteiras”, complementa. Esses produtos ainda correspondem a um pequeno volume financeiro na comparação com os demais: os fundos imobiliários equivalem a 1,4% da carteira do varejo tradicional e as debêntures por 0,4% das aplicações do segmento.

Já para os clientes do segmento de varejo alta renda, além das debêntures, que tiveram alta de 21,4% no volume financeiro, destacam-se os fundos de ações, com variação positiva de 25,5% no patrimônio líquido no primeiro semestre, e as próprias ações, com alta 17,9% no volume financeiro.

Contas de fundos multimercados crescem 19% no varejo


No número de contas do varejo tradicional, os produtos que mais cresceram foram os fundos multimercados, ações, fundos imobiliários e fundos de ações, com altas de 19,2%, 18,2% e 12,7% para os dois últimos colocados, respectivamente. No total do segmento, a quantidade de contas caiu 3,8%, impulsionada pela redução de contas-poupança, fechando junho com 117,2 milhões.

O varejo alta renda, por sua vez, alcançou 12,3 milhões de contas em junho, resultado 4,8% maior que o registrado em dezembro do ano passado. Os destaques em crescimento na quantidade de contas ficam com debêntures (21,8%), ações (14,6%) e fundos imobiliários (13,5%).

Sudeste responde por 68,8% dos investimentos dos brasileiros


Todas as regiões do Brasil tiveram aumento no volume financeiro: o Sul cresceu 3,1% (somando R$ 733,6 bilhões), enquanto Nordeste e Norte avançaram 3,3% cada (alcançando R$ 359,5 bilhões e R$ 70,8 bilhões). As maiores altas foram do Sudeste, que avançou 7,3%, atingindo os R$ 3,0 trilhões, e do Centro-Oeste, que cresceu 9,2%, chegando aos R$ 221,3 bilhões. Com os bons resultados, essas duas regiões também ganharam participação no total do país: o Sudeste responde agora por 68,8% dos investimentos dos brasileiros, enquanto o Centro-Oeste chegou a 5%.