Incertezas econômicas, inflação e mudanças climáticas são principais causas de mudança de padrão do consumidor

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Pesquisa global da EY-Parthenon mostra que 81% dos brasileiros estão mais focados na relação
custo x benefício enquanto esse número cai para 72% na média global

A mais recente edição da EY Future Consumer Index, pesquisa periódica realizada pela EY-Parthenon, braço de consultoria estratégica da EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, indica que as incertezas econômicas, pressões inflacionárias e mudanças climáticas são as principais causas para os consumidores mudarem seus padrões de consumo e de gasto. No Brasil, 81% dos entrevistados afirmam que estão mais focados na relação custo x benefício e 64% dizem que são mais propensos a consertar as coisas do que substituí-las. Em comparação, as médias globais são respectivamente 72% e 66%.

“Os fatores externos como taxa de juros, inflação, pós-covid, guerras e conflitos entre países e eleições têm ligação direta com esse sentimento de incerteza e com altos níveis de consciências de gastos que ainda é muito marcante no estudo. Todos esses aspectos são cruciais para a decisão de compra dos consumidores e no Brasil temos esse reflexo também, além das particularidades socioeconômicas e culturais do país”, afirma Natália Sperati, sócia de estratégia da EY-Parthenon para varejo e bens de consumo para a América Latina.

Segundo o estudo, que ouviu mais de 23 mil pessoas em 30 países, 83% dos brasileiros têm pensado muito sobre o futuro, 45% estão muito preocupados com suas finanças, 58% estão muito preocupados com a economia do país e 35% estão muito preocupados com o acesso às necessidades básicas. Como comparativo, os mesmos índices no recorte global são respectivamente 51%, 39%, 45% e 28%. “Isso comprova que o brasileiro ainda segue muito sensível a preço e, por diversos motivos, esse ainda é o fator determinante para uma compra. Vemos uma diminuição dessa sensibilidade comparado aos anos anteriores, mas ainda é um indicativo muito forte”, reforça Sperati.

Dessa forma, a pesquisa indica um fortalecimento no consumo de private labels, ou marcas próprias de varejistas. 62% dos brasileiros dizem que as marcas próprias satisfazem suas necessidades tão bem quanto os produtos de marca e 32% dizem que estão felizes em comprar produtos que imitam marcas populares ou de alto padrão, mas os vendem a um preço mais barato. Já em relação às marcas ‘tradicionais’, 86% afirmam que perceberam que algumas marcas reduziram o tamanho das embalagens, mas o preço é o mesmo ou mais caro e 59% dizem que só compram produtos de marca quando estão em promoção, liquidação ou desconto. Cristiane Amaral, sócia-líder de Consumo e Varejo para América Latina na EY, explica que “esse movimento já vem se tornando mais presente porque é uma forma prática de concretizar a busca pelo custo x benefício. E agora, as marcas terão um trabalho ainda maior para se destacarem, já que a tendência é um consumidor cada vez mais seletivo e ominichannel”.

Experiências do consumidor, digitalização e fidelização

“O foco tem de ser sempre no consumidor e a estratégia tem de ser integrada para gerar uma experiência significativa. Isso vai muito além do preço do produto, passa por estratégias de CRM, retail marketing, influenciadores digitais/social media e pelos programas de fidelização integrados, unindo o on e o offline”, explica Cristiane.

O estudo traz dados que reforçam isso, como os 48% de brasileiros que se inscreveram no mailing de um varejista em troca de um desconto/voucher, por exemplo. Além disso, 77% dos brasileiros entrevistados apontam frete ou devoluções grátis como o principal recurso para aderirem a programas de fidelidade ou recompensas, enquanto 61% apontam descontos exclusivos e vouchers e, em terceiro lugar, com 56% tem-se o ganho de pontos por fidelidade. “Os programas de fidelidade devem ter raízes digitais para se alinharem às mudanças nas preferências e comportamentos do consumidor, em um movimento cada vez mais personalizado de ativação. A omnicanalidade é primordial para o programa funcionar, já que entende melhor o consumidor no centro e suas diferentes interações”, aponta Sperati.

Outro ponto importante para o Brasil foi a ascensão dos influenciadores e das mídias sociais. A pesquisa mostrou que, no Brasil, 54% dos entrevistados dizem que seguem influenciadores de mídia social, blogueiros ou vloggers. E, mais do que isso, 78% dos brasileiros dizem que consideram as recomendações de produtos de influenciadores confiáveis e 61% dizem que suas decisões de compra são moldadas por influenciadores.

Segurança dos dados

Com as estratégias cada vez mais digitais e online, a segurança dos dados é um fator de muita preocupação, principalmente no Brasil, como indica o estudo. 77% dos brasileiros estão preocupados com roubo de identidade, 71% estão muito preocupadas com violações de dados e hackers e 66% estão muito preocupados que informações privadas sejam tornadas públicasRespectivamente, as médias globais são 61%, 59%, e 54%.

As questões referentes ao uso de cookies também foram trazidas na pesquisa como um sinal de alerta para as marcas. 75% dos brasileiros estão muito preocupados que seus detalhes não sejam armazenados com segurança e sejam roubados por terceiros, 72% estão muito preocupados que os detalhes coletados sejam usados ​​contra eles em um ataque cibernético, 58% estão muito preocupados que anúncios personalizados sejam vistos por outros, revelando seu histórico de navegação e, por fim, 38% estão muito preocupados que sejam encorajados a fazer compras que não teriam feito de outra forma. “Mais uma vez, o Brasil apresenta médias mais altas do que as globais que são, respectivamente, 65%, 62%, 39% e 36%. Isso reforça que, por mais que o brasileiro esteja preocupado com o preço e com o custo x benefício do produto/serviço, as marcas também devem se atentar a outros pilares, como oferecer ambientes seguros na transação e na forma de captura de informação do usuário”, finaliza Natália.