A Pixed, nova residente no Biopark, além de produzir próteses com baixo custo, destaca-se por um trabalho integral de acompanhamento aos usuários
O uso de equipamentos externos que ajudam pessoas a superarem alguma dificuldade ou deficiência, também conhecidas como próteses, são de extrema importância para que seus usuários possam se sentir, de fato, inseridos na sociedade. Foi para auxiliar essa inclusão principalmente em escolas e no trabalho, que a Pixed surgiu. Fundada em 2015 na cidade de Lima, no Peru, a empresa é especialista no desenvolvimento de próteses, órteses ou exoesqueletos feitos com impressão 3D.
As próteses da empresa destacam-se pelo baixo custo – 80% mais baratas do que as encontradas no mercado tradicional – e por um programa de integração que auxilia o usuário, com apoio psicológico e médico. Desde sua fundação, a empresa já produziu mais de 80 próteses e agora estuda iniciar operações no Brasil, com o apoio do Biopark.
“Embora o preço seja um diferencial, consideramos que todo o nosso programa integrador é o que realmente nos destaca. Somos a primeira empresa que incorporou um acompanhamento integral, psicológico e médico para que o usuário não só receba a prótese e a deixe de lado, mas sinta-se bem com ela”, explica Ricardo Rodríguez, engenheiro mecânico elétrico e CEO da Pixed.
Tudo isso é fruto de um propósito social que nasceu junto com a empresa. “Todos nós, fundadores, tivemos, de alguma forma, contato com deficiência em algum membro da família, por isso, sabíamos que as pessoas com deficiência podiam fazer as coisas de maneiras diferentes, mas acima de tudo, podiam fazer, apesar das barreiras que a sociedade coloca”, ressalta Rodríguez. Hoje a empresa produz próteses superiores, como mãos e braços, mas já trabalha no desenvolvimento de membros inferiores.
O projeto integrador criado pela Pixed já tem dado resultados importantes. Segundo uma pesquisa feita entre seus usuários, 98,3% deles melhoram seu nível de otimismo e 95% aumentam sua autoestima após se adaptarem ao uso da prótese. “O nosso principal pilar é a inclusão, e a forma que fazemos isso é com a tecnologia. A nossa métrica mais importante é que os trabalhadores possam regressar ao trabalho e as crianças regressar à escola”, completa o CEO. A empresa possui um programa próprio dentro de instituições privadas e escolas que contribui para isso. Outro apelo social é que, em casos em que a pessoa não tem condições de adquirir a prótese, a Pixed possui parceiros e investidores que viabilizam a doação através de patrocínio.
A produção das próteses é feita integralmente pela empresa, desde as medições, feitas com scanner 3D, passando pela criação do desenho, que pode ser totalmente personalizado, até a impressão. “Todas as próteses que fazemos são desenhos 100% nossos e cada uma é produzida analisando o caso. Por exemplo, alguns querem andar de bicicleta, outros querem escrever, outros querem dirigir, outros querem usar ferramentas, etc. É um mundo diferente que nos desafia a criar coisas diferentes e orientadas a cada um deles”. Para crianças, por exemplo, a prótese pode ganhar temas comuns ao cotidiano infantil, com personagens de desenhos animados.
Do Peru, a empresa já enviou próteses para outros países, como Chile, Honduras e Estados Unidos, mas no Brasil a ideia é criar conexões com outras empresas e poder atender as demandas já existentes. “Com a impressão 3D podemos dizer que o mundo é o nosso laboratório. Estamos estudando a necessidade no Brasil para ver para onde podemos direcionar nossos dispositivos. O Biopark vai auxiliar a fazer conexões com outras empresas, para que possamos usar nossa tecnologia não apenas na área médica, mas também para outros setores”, acrescenta Rodrígues.