O Moinho – polo de empreendedorismo, inovação, e criatividade, localizado em Juiz de Fora (MG), promoverá, no próximo dia 14 de agosto, a I Feirinha de Negócios Locais, em parceria com a Enactus/UFJF – rede empreendedora internacional – e o Projeto Vivart. O evento acontecerá das 14h às 20h, no estacionamento do Moinho, e tem como objetivo oferecer gratuitamente para 15 micro e pequenos empreendedores locais a oportunidade de expor e comercializar seus produtos, neste momento especialmente desafiador da economia. O Moinho também abrigará um HUB de Impacto Social que está sendo preparado para, em breve, receber até 80 startups focadas em saúde, bem-estar, educação, longevidade, meio ambiente e geração de renda.
Além da feira, outros 150 empreendedores que se inscreveram na Feirinha participarão do curso Varejo de Elite, ministrado por Fred Rocha, especialista em varejo e consumo, com mais de 26 anos de experiência no mercado, nos próximos três meses. A ideia é que todos passem a integrar uma rede ampla de suporte, capacitação e mentoria, com todo o apoio do Moinho Lab, Enactus_UFJF e Projeto Vivart.
“Com o HUB, nosso foco principal é atrair a participação de empreendedores, startups e projetos que atuam nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, focados em geração de renda que estejam alinhados ao propósito de transformação social, fortalecendo e integrando todo o ecossistema e a comunidade”, comenta Ricardo Podval, CEO do Moinho. O executivo que esteve à frente do Civi-Co, coworking na cidade de São Paulo, focado em empreendedorismo e inovação social, que se tornou referência para o ecossistema nacional de impacto, explica que o Moinho deseja gerar oportunidades de negócios em regiões pouco atendidas, descentralizando a geração de empregos e o fortalecendo a ação empreendedora.
Retrofit sustentável
O Moinho está revitalizando o antigo moinho de farinha Vera Cruz, localizado na zona norte de Juiz de Fora, desativado desde o início dos anos 2000, do qual estão sendo preservados mais de 80% da estrutura. O empreendimento tem 33 mil m² de área construída dedicados à saúde, educação, comércio e moradia. A revitalização do empreendimento, baseada no retrofit – processo de engenharia que significa “colocar o antigo em forma” – buscou gerar menor impacto ambiental, menos consumo de material e geração de entulho.
Transformar a estrutura do imóvel, construído na década de 1950, com vocação para a indústria num lugar de convivência representou um grande desafio para o empreendimento. Foram necessários diversos estudos de reformas estruturais e análises espaciais. Para se ter uma ideia, um dos dois silos de armazenamento de grãos de trigo – com 50m de altura e vão livre de 40 m – deu espaço a 14 andares dos 18 destinados à moradia.
Envolvimento da comunidade
O projeto de ocupação do Moinho é resultado de uma intensa pesquisa de place branding e place making com a população local para entender suas necessidades criando uma nova centralidade e abrindo perspectivas para o futuro. Foram dois anos de estudo e pesquisas realizadas por consultorias especializadas por meio de entrevistas com lideranças da comunidade, moradores, possíveis usuários e workshops com especialistas sobre as necessidades e possíveis melhorias na região para fortalecer o empreendedorismo e gerar impacto social.
“A revitalização do moinho não é apenas uma nova construção, é um investimento em uma maneira de pensar a vida de forma coletiva, apoiar a comunidade local e incentivar a inovação e a criatividade com base em alguns pilares principais: empreendedorismo, saúde preventiva e bem-estar e educação colaborativa”, comenta Ricardo Podval.
Os eixos: Saúde e Educação
Atendendo às necessidades identificadas no trabalho de place branding, boa parte do Moinho é destinada à saúde e à educação. Na área da saúde, o objetivo é investir na qualidade de vida e prevenção atraindo empreendedores e profissionais de diferentes áreas para criar um ecossistema integrado com variada opções de serviços, como laboratórios, clínicas médicas e odontológicas. Uma das parcerias já instaladas e em funcionamento nesse segmento é a Unimed Juiz de Fora, o que contribui para que a população da Zona Norte não precise se deslocar ao centro para atendimento em especialidades médicas, exames laboratoriais e de imagem.
Na área de educação, o Moinho está também potencializando a vocação da cidade como um polo de ensino técnico e superior na Zona da Mata mineira, Campos das Vertentes e sul fluminense, buscando parcerias com instituições de ensino para oferecer cursos técnicos e de empreendedorismo para capacitação e formação. “Juiz de Fora forma ótimos profissionais, porém eles não ficam na cidade. Ao saírem das faculdades, essas pessoas buscam oportunidades em grandes cidades e até fora do país, tamanho o nível de especialização. Queremos manter esse potencial aqui e contribuir para que a cidade se torne economicamente vibrante”, diz Podval.
Com a experiência do Moinho e do Civi-co, Podval vê a possibilidade de levar projetos semelhantes para outras cidades brasileiras. Ele acredita que em locais com até 1 milhão de habitantes, o modelo pode ser replicado, contribuindo para a descentralização do ecossistema de impacto nacional, expandindo para o interior. Para Podval, em localidades do porte de Juiz de Fora, esse é um modelo de negócios que pode gerar maior transformação social, pela possibilidade de integração entre o poder público e a iniciativa privada.